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Nota artística: não há título para este Benfica-FC Porto

Vamos até 2020. Setembro. O campeonato começa, olhamos novamente para o calendário e verificamos que há um Benfica-FC Porto na 31.ª jornada. Ui. Este vai ser o jogo do título. Hum… Chegámos a maio e, afinal… Pode ser um jogo que coloca o título mais próximo… do Sporting. O FC Porto sabe que a tarefa de chegar ao primeiro lugar é complicada; o Benfica já sabe que vai acabar esta época sem o título.

O Benfica sabe, os adeptos do Benfica sabem que não vão ser campeões neste ano mas, mesmo assim, muitos apareceram no Seixal para incentivar a equipa e ainda mais – talvez algumas centenas – estiveram nos arredores do Estádio da Luz, também para aplaudir os jogadores e restante comitiva.

Alguns dirão que a onda vermelha é isto. Vermelho é, simplesmente, isto.

Ora o jogo começa e, qual novidade, sem interesse junto das áreas, sem jogadas espetaculares.

Ora o jogo começa e, qual novidade, várias faltas foram cometidas logo nos primeiros minutos. Ao todo, foram 34. Passam três minutos, uma falta. Mais três minutos, uma falta. Entre esses três minutos, a bola fica quase sempre parada porque os jogadores protestam, demoram 30 segundos para fazer um lançamento, fingem que foram agredidos…

Bom, o jogo.

A seguir à ameaça de Taremi, golo no outro lado do campo. Everton soltou-se, construiu uma grande jogada com ajuda de Rafa e inaugurou o marcador. Belo momento. Um dos raros bons momentos até ao intervalo.

Nos descontos da primeira parte, grande penalidade para o Benfica. Manafá cometeu falta sobre Rafa. Ah, espera. 19 centímetros foram suficientes para anular o lance.

Já na segunda etapa, Zaidu trava Diogo Gonçalves, grande penalidade. Ah, espera. Não há falta.

O tempo vai passando e pouco perigo junto de Helton Leite. O tempo vai passando e o Benfica não ataca. Praticamente deixou de atacar. Adivinhem o que se segue: golo portista. Bom remate de Uribe, que respondeu a uma boa movimentação de João Mário do lado direito.

Depois voltou a Liga dos Protestos. Pepe, cartão vermelho ou não? Não. Benfica cobra logo a falta e Everton bisa. Não contou. Protestos, fúria, gritos. Rui Costa expulso. Acho que a última vez que vi Rui Costa a ser expulso foi naquele jogo famoso na Alemanha, quando saiu para Sérgio Conceição entrar. Bem, já deve ter visto o vermelho mais recentemente. Eu é que não me lembro. Darwin Núñez está ali com uma força, a protestar no banco… Está mais interventivo ali do que quando joga.

Jogo a acabar, segundo lugar a fugir, mas o filho de Deus mantém três defesas-centrais em campo. Deve gostar do número três. Está no lugar três.

Mas então ele quer três golos neste jogo. Aí está, Pizzi, mesmo a acabar. Afinal, não. Fora-de-jogo. Quem gosta de seguir séries, também deve ver futebol agora: isto assim é fixe, pensamos que sabemos o final do episódio e nunca sabemos. Temos sempre de esperar por eventuais surpresas ou retrocessos nas personagens. Ou por regressos.

94 minutos, duas substituições no Benfica. É o filho de Deus a segurar o resultado.

E acabou. Viu-se na cara e na postura corporal dos 22 futebolistas que ninguém estava satisfeito com este empate na Luz.

O filho de Deus também não estava, afinal. Disse que o rival jogou para dois resultados: vitória ou empate. Talvez. E acrescento que o teu Benfica jogou para dois resultados: empate ou derrota. Tirando os minutos finais, já sei, nos quais também vimos Taarabt a acertar na barra.

Jesus disse também que Pepe deveria ter sido expulso, que só não foi expulso porque o árbitro não quis. E porquê? Ele explicou: “Menos um homem em campo, 11 contra 10 tem muita influência“… Pois tem. Na final da última Taça de Portugal, viu-se a influência.

Ei! Olha o que os jogadores do Benfica andam a escrever nas redes sociais, logo a seguir ao jogo! Vergonhoso! Vergonha!

Realmente é uma vergonha.

Mas estão a falar do quê? De qual das várias vertentes vergonhosas destes clássicos é que eles se lembraram agora?

Do lado azul e branco, Vítor Bruno disse que praticamente não interessa acabar o campeonato no segundo ou no terceiro lugar. Pergunta isso aos contabilistas do teu clube.

De resto, silêncio.

O silêncio ajuda no pensamento.
E aquele foi o momento.
Momento de meditar.
Um ponto foi mau para sonhar,
Ou foi bom para segurar?
Que título deveremos dar?

Nuno Teixeira, ZAP //

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