A busca por matéria escura no nosso Universo não pára. Uma equipa de cientistas acredita ter encontrado um detetor único e poderoso: exoplanetas.
Os cientistas sugerem que a matéria escura pode ser detetada através da medição do efeito que tem sobre a temperatura dos exoplanetas, que são planetas que se localizam fora do nosso Sistema Solar.
“Acreditamos que deve haver cerca de 300 mil milhões de exoplanetas à espera para serem descobertos”, disse Juri Smirnov, um membro do Centro de Cosmologia e Física de Astropartículas da Universidade Estadual do Ohio, nos Estados Unidos.
“Encontrar e estudar um pequeno número de exoplanetas pode dar-nos uma grande quantidade de informações sobre a matéria escura que ainda não conhecemos”, acrescentou o investigador, citado pelo Sci-News.
Quando a gravidade dos exoplanetas captura a matéria escura, esta viaja para o núcleo planetário onde se “aniquila” e liberta a sua energia na forma de calor. Quanto mais matéria escura é capturada, mais aquece o exoplaneta.
Esse aquecimento pode ser medido pelo Telescópio Espacial James Webb, da NASA, um telescópio infravermelho com lançamento previsto para outubro de 2021, que será capaz de medir a temperatura de exoplanetas distantes.
“Se os exoplanetas têm este aquecimento anómalo associado à matéria escura, devemos ser capazes de o captar”, disse Smirnov.
Os cientistas também acreditam que a densidade da matéria escura aumenta em direção ao centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Se for verdade, a equipa deveria descobrir que quanto mais próximos os planetas estão do centro galáctico, mais as suas temperaturas aumentam.
“Se encontrássemos algo assim, seria incrível. Teríamos encontrado matéria escura”, sublinhou.
Os investigadores Juri Smirnov e Rebecca Leane propõem um tipo de busca que envolveria olhar perto da Terra para gigantes gasosos – os chamados “super Júpiteres” – e anãs castanhas em busca de evidências de aquecimento causado pela matéria escura.
Uma vantagem de usar exoplanetas como detetores de matéria escura é que estes corpos celestes não têm fusão nuclear, como as estrelas, pelo que há menos “calor de fundo”.
Além desta busca local, a equipa sugere uma busca por exoplanetas “desonestos” distantes que não orbitam uma estrela, uma vez que a falta de radiação de uma estrela reduziria a interferência que poderia obscurecer um sinal de matéria escura.
O artigo científico foi publicado no dia 22 de abril na Physical Review Letters.