A Aethel Partners negou, esta terça-feira, qualquer relação com a família Espírito Santo, depois de ter sido referida por Sérgio Monteiro, antigo consultor para a venda do Novo Banco, sobre uma proposta de compra, numa audição na comissão de inquérito.
De acordo com um comunicado enviado esta terça-feira à agência Lusa, a Aethel “desmente categoricamente as declarações” de Sérgio Monteiro, que considera “falsas e difamatórias“, proferidas em audição na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
Na ocasião, Sérgio Monteiro confirmou que o Banco de Portugal estava preocupado com uma eventual ligação de Ricardo Santos Silva – fundador da Aethel que tinha vindo do BES Investimento – à família Espírito Santo, que tinha sido afastada do BES.
“Sei que houve essa preocupação e posso confirmá-la”, disse então Sérgio Monteiro em resposta ao deputado do PCP Duarte Alves.
O também antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações do Governo de Passos Coelho (PSD/CDS-PP) confirmou que “o departamento jurídico do Banco de Portugal, que segue com muita atenção essas matérias, fez diligências e verificação para saber os beneficiários últimos, a origem de fundos e se eventualmente poderia haver problemas”.
Sérgio Monteiro frisou que “não disse que o responsável da Aethel era da família ou que o negócio era para ser feito para a família” Espírito Santo.
De acordo com o comunicado, a Aethel refere que a sua proposta “não tinha nenhuma ligação com a família Espírito Santo, e os investidores que a apoiavam foram expressamente identificados na proposta apresentada”.
A empresa também refere que “não tem nem nunca teve qualquer relação com a família Espírito Santo”.
Na audição de 13 de abril, Sérgio Monteiro catalogou a abordagem da Aethel como uma “iniciativa” e não “uma proposta”, dizendo que não progrediu porque “era mais um pedido de mandato para fazer gestão de ativos e passivos com os credores, na altura, do Novo Banco” do que uma ideia de compra.
No comunicado, a Aethel defende que “conforme é do conhecimento de Sérgio Monteiro”, fez uma “proposta para a aquisição do Novo Banco, cuja não aceitação apenas pode ser justificada pelo próprio”.
“Sugerir que a proposta de aquisição da Aethel Partners foi um mero pedido de mandato é falso”, defende a empresa sediada em Londres, que “continua comprometida a investir no mercado português, como tem vindo a fazer nos últimos anos”.
Em 2017, numa audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), Sérgio Monteiro tinha desvalorizado as acusações da Aethel Partners que reivindicava ter apresentado uma oferta melhor do que a Lone Star, dizendo que o grupo britânico não apresentou qualquer proposta.
“Sobre o candidato que disse ter uma proposta melhor do que a Lone Star, a isso nem sequer podemos chamar proposta”, afirmou Sérgio Monteiro, durante a sua audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) em 23 de maio de 2017.
E salientou: “Entrou em contacto connosco em janeiro. Foi-lhe explicado que tinha que se juntar a outro concorrente ou [só poderia participar] se o processo não tivesse um desfecho positivo”.
Isto, porque nessa altura já havia um longo caminho percorrido na operação de venda do Novo Banco, que contou com cinco interessados (quatro na venda estratégica e um na venda em mercado), além de já estarem em curso as negociações exclusivas com a Lone Star.
Na altura, foi noticiado que a Aethel Partners oferecia quase quatro mil milhões de euros pelo Novo Banco, tendo a sociedade britânica avançado mesmo com um processo judicial para travar a venda do banco de transição à norte-americana Lone Star.
A 5 novembro de 2019, a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) autorizou o “controlo da mina” de ferro de Torre de Moncorvo, Bragança, pela Aethel Mining, revelou a empresa.
// Lusa