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Podem ter sido encontradas as pegadas de Neandertal mais antigas da Europa

(dr) Mayoral et al. / Scientific Reports

Algumas das pegadas que foram encontradas na praia de Matalascañas, em Espanha

Há cerca de 100 mil anos, uma grande família de Neandertais caminhou ao longo de uma praia naquilo que hoje é o sul de Espanha. Tal como qualquer criança que se preze, os mais novos andaram a saltar e a brincar na areia.

De acordo com o site Live Science, foram estas as conclusões depois de uma equipa de investigadores ter estudado as pegadas fossilizadas encontradas, em junho do ano passado, na praia de Matalascañas, no Parque Nacional de Doñana, em Espanha.

“Encontrámos algumas áreas onde várias pequenas pegadas apareceram agrupadas de uma forma caótica”, disse Eduardo Mayoral, paleontólogo da Universidade de Huelva e autor principal do estudo publicado, a 11 de março, na revista cientfica Scientific Reports.

As pegadas “podem indicar uma área de passagem de indivíduos muito jovens, como se estivessem a brincar ou a andar lentamente na costa de uma área alagada nas proximidades”, disse o investigador.

A equipa identificou 87 pegadas de Neandertal na rocha sedimentar da praia, tendo determinado que foram feitas por 36 pessoas diferentes, que seriam parentes: 11 crianças e 25 adultos (cinco mulheres, 14 homens e seis pessoas cujo sexo não foi possível determinar).

A maioria dos adultos teria entre 1,30 a 1,50 metros de altura, mas quatro das pegadas parecem ter sido feitas por um indivíduo com mais de 1,80 metros. Como esta é uma altura atípica para um Neandertal, os cientistas consideram que pode ter sido feita por uma pessoa mais baixa, mas com uma marcha pesada.

No caso das pegadas mais pequenas, destacam-se duas, com cerca de 14 centímetros de comprimento, que a equipa pensa que terão sido feitas por uma criança com aproximadamente seis anos.

A superfície exposta data do Pleistoceno Superior – há cerca de 106 mil anos – e as ferramentas de pedra descobertas nas proximidades mostram que a região era habitada por Homo neanderthalensis.

Apesar de neste caso não haver evidências diretas da sua presença, como ossos ou dentes, Mayoral considera que estas pegadas são “uma prova inquestionável da existência destes hominídeos no sul da Península Ibérica e, especificamente, nesta zona da costa andaluza”.

Os investigadores acreditam que estas pegadas podem ser as pegadas de Neandertal mais antigas já descobertas na Europa.

ZAP //

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