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Jordânia dá por encerrada crise aberta por alegada conspiração do príncipe Hamzah

Mike Nelson / EPA

O rei Abullah (D) e o seu meio-irmão, o príncipe Hamzah bin Hussein (E)

A Jordânia deu como encerrada a suposta conspiração liderada pelo príncipe Hamzah que, segundo a Casa Real, se comprometeu a acatar as normas da família hachemita e os procedimentos definidos pelo Rei Abdallah II para resolver o conflito.

Os principais jornais jordanos destacam esta segunda-feira a forma como as autoridades e Amã puseram fim ao suposto complot do príncipe, meio-irmão de Abdallah II, depois da série de detenções feitas no sábado passado, em que foram presas entre 14 a 16 pessoas, além de um ex-conselheiro da corte.

Os media locais dão conta da anunciada resolução da crise, com o diário “Al Rai” a titular “Abortou plano para minar a estabilidade e segurança da Jordânia” e “Enterrada sedição que germinava”, enquanto o Al Dustur também se referiu ao “enterro de sedição” e o jornal Al Gad foi mais longe ao anunciar a derrota da “conspiração de delírios”.

Ao que tudo indica, o desenlace aconteceu depois de Abdullah II ter tomado a iniciativa de mediar com o príncipe Hamzah a resolução do conflito no interior da família real.

“Sua Majestade, o Rei Abdullah II, decidiu lidar com a questão do príncipe Hamzah no âmbito da família Hachemita e confiou-o ao [seu tio] príncipe Hassan que, por sua vez, comunicou com o príncipe Hamzah e este último disse que aderiu à abordagem da família”, lê-se na mensagem da Casa Real, publicada no Twitter.

Hamzah foi acusado de conspirar contra o seu meio-irmão, o que negou, ao mesmo tempo que defendeu que as autoridades jordanas são “corruptas” e “incompetentes”.

No sábado, as autoridades jordanas prenderam várias pessoas “por razões de segurança” na capital, Amã, com Hamzah a anunciar que estava em prisão domiciliária.

Nesse mesmo dia, o chefe do Estado-Maior foi a casa do príncipe Hamzah para lhe pedir que cesse “todos os movimentos e atividades que visam a segurança e estabilidade da Jordânia”, mas a reunião correu mal, disse no domingo o vice-primeiro-ministro, Aymane Safadi.

Segundo Safadi, duas personalidades jordanas, Bassem Awadallah e Cherif Hassan ben Zaid, assim como 14 a 16 outras pessoas, foram presas por suspeita de envolvimento na tentativa de “desestabilizar” o reino. Numa gravação áudio publicada no Twitter, Hamzah declarou que não obedeceria às ordens para ficar em casa.

Claro que não vou obedecer (às ordens do chefe do Estado-Maior, general Youssef Huneiti) quando ele me diz que não tenho permissão para sair, para ‘tweetar’, para comunicar com as pessoas e que só tenho permissão para ver minha família”, disse o príncipe Hamzah na gravação, em que fala por telefone com um interlocutor.

“Gravei toda a conversa e distribuí (…). Agora estou à espera para ver o que vai acontecer e o que vão fazer. Não quero mexer-me porque não quero piorar a situação”, disse o príncipe na sua última gravação.

Hamzah declarou, num vídeo enviado à BBC, que o chefe do Estado Maior jordano indicou que a medida constitui uma represália por alegadamente ter participado em “atividades que estão a ser usadas para atingir a segurança e a estabilidade da Jordânia”.

No vídeo, Hamzah negou ter participado em qualquer atividade conspirativa e afirmou ter respondido ao general Yousef Huneiti não ser responsável pelo “colapso da governança, pela corrupção e incompetência que prevaleceram na estrutura do Governo nos últimos 15 a 20 anos”.

Hamzah, de 41 anos, foi o último filho do antigo Rei Hussein com a sua quarta e última mulher, Noor, de origem norte-americana.

Antes de morrer, em 1999, Hussein designou Hamzah como príncipe herdeiro e o seu meio-irmão Abdullah como Rei, mas o título de príncipe herdeiro foi-lhe retirado em 2004 e conferido ao filho mais velho de Abdullah II, Hussein.

// Lusa

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