O biólogo Rob Dunn e a antropóloga Monica Sanchez exploram como é que a perda de um osso no nariz nos deu a capacidade de saborear e, assim, mudar a nossa alimentação.
Sabor e aroma regem as nossas escolhas no que toca à alimentação. No livro “Delicious: The Evolution of Flavor and How It Made Us Human”, o biólogo Rob Dunn e a antropóloga Monica Sanchez contam-nos a história de como fomos conduzidos pelos nossos narizes ao longo da história evolutiva do nosso apetite.
Em 2009, o antropólogo Richard Wrangham argumentou que a libertação das calorias acumuladas nos alimentos crus ao cozinhá-los levou a uma explosão cognitiva nos Homo sapiens há cerca de 1,9 milhões de anos.
Dunn e Sanchez salientam que o livro de Wrangham tinha uma ou outra especulação: não há, afinal, nenhuma evidência clara de que o fogo tenha feito isso tão atrás no tempo. Ainda assim, inclinam-se muito para a hipótese de Wrangham.
Não há, também, evidências seguras de que os hominídeos fermentavam alimentos. Na realidade, realça o New Scientist, é difícil imaginar como é que seria possível obter essas evidências. Ainda assim, os dois cientistas acreditam que Wrangham possa estar correto.
“Fermentar um mastodonte, mamute ou um cavalo de modo a que permaneça comestível e não seja fatal parece ser menos desafiante do que fazer fogo“, escrevem os autores do livro.
Como primatas, a nossa experiência de cheiro e sabor é incomum, pois sentimos aromas retronasais – os cheiros que sobem da nossa boca para a parte de trás do nosso nariz. Isto porque perdemos um osso, chamado lâmina transversal, que ajuda a separar a boca do nariz.
A perda deste osso fez com que o ser humano sentisse sabores e aromas tão complexos que temos de associá-los a memórias para categorizá-los individualmente.
Possivelmente com outra vantagem adicional, a de não sermos perseguidos como os rinocerontes por causa do osso!