Falta dinheiro para segurar 2263 enfermeiros com “contratos covid”

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Giuseppe Lami / EPA

Há 2263 enfermeiros que foram contratados desde Agosto de 2020 cujos contratos precários estão a terminar e que vão desfalcar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), caso as regras actuais não sejam mudadas. O Governo empurra responsabilidades para os hospitais que as devolvem ao executivo.

O regime excepcional criado para tornar efectivos os enfermeiros contratados para responder à pandemia de covid-19, ao cabo de oito meses, só abrange os casos até Agosto de 2020. Depois desse mês, foram contratados mais 2263 profissionais que arriscam sair do SNS ao cabo de quatro meses de contratos precários.

Cerca de metade destes enfermeiros com os chamados “contratos covid” estão em hospitais do norte, segundo as contas do Jornal de Notícias (JN).

De acordo com a publicação, “206 foram contratados pela Administração Regional de Saúde do Norte, 141 pelo Hospital Gaia/Espinho e 89 pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa”.

Mas também os hospitais de Vila Real, Famalicão, Guimarães, Matosinhos, o São João no Porto e o Universitário desta cidade estão em risco de perder 50 ou mais enfermeiros, segundo o JN.

Uma fonte do Ministério da Saúde nota ao jornal que vai “adoptar todas as medidas que garantam que as necessidades permanentes e próprias dos serviços sejam asseguradas mediante a constituição de adequado vínculo jurídico de emprego público”.

Assim, o Ministério assegura que “nenhum enfermeiro será dispensado”, mas para isso é preciso que “o órgão máximo de gestão reconheça que a sua continuidade em funções é necessária”.

É uma forma de empurrar a decisão de manter os profissionais para os hospitais que, por seu turno, pedem mais dinheiro ao Governo.

Há “um constrangimento grande do ponto de vista financeiro“, uma vez que “o reforço orçamental não compensa as contratações que ocorreram”, destaca ao JN o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço.

“São questões que o Governo não pode empurrar para os hospitais“, diz ainda.

O que é certo é que se as actuais regras não mudarem, estes profissionais podem deixar o SNS numa altura em que faltam recursos para responder às solicitações da pandemia, nomeadamente ao esfoço suplementar de vacinação que é exigido.

ZAP //

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