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280 mil docentes e não docentes vacinados já a partir do próximo fim-de-semana. Totalidade dos utentes de lares receberam 1.ª dose

task force que coordena o processo de vacinação contra a covid-19 pretende vacinar perto de 280 mil docentes e não docentes, até ao fim-de-semana a seguir à Páscoa. A totalidade dos utentes dos lares e cuidados continuados já recebeu 1ª dose e as associações de pessoas com deficiência voltam a pedir prioridade.

De acordo com o jornal Público, a task force que coordena o processo de vacinação em Portugal quer inocular perto de 280 mil docentes e não docentes do ensino público e do privado, começando já a partir do próximo fim-de-semana.

O primeiro grupo, de 78.700 docentes e não docentes do pré-escolar e 1.º ciclo, será vacinado no fim-de-semana de 27 e 28 de março e os restantes – educadores de infância e funcionários das creches, bem como pessoal docente e não docente do 2.º ciclo, cerca de 16 mil professores das atividades de enriquecimento curricular e ainda os docentes e não doentes do 3.º ciclo e do secundário – apenas serão vacinados no fim-de-semana de 10 e 11 de abril. Isto porque não está previsto haver vacinação de pessoal docente e não docente no fim-de-semana da Páscoa, a 3 e 4 de abril.

O planeamento da vacinação dos restantes níveis de ensino encontra-se em curso, “não sendo possível confirmar data”, mas “o universo total de docentes e não docentes a vacinar” será cerca de 280 mil pessoas, disse a task force ao mesmo jornal.

Apesar de, segundo a mesma fonte, se esperar inocular docentes e não-docentes com a primeira dose da vacina até 10 e 11 de abril, o plano também prevê os dias 17 e 19 de abril para finalizar o processo, caso seja necessário, e sempre ressalvando que as datas não se encontram completamente fechadas.

Ainda de acordo com o Público, o grupo previsto para o último fim-de-semana de março já se enquadra naquilo que pode ser considerado um primeiro teste ao modelo de vacinação em massa, que deverá incluir estruturas maiores disponibilizadas pelas autarquias.

No entanto, às escolas, ainda não chegou nenhuma informação oficial sobre o arranque da vacinação, escreve o Observador.

Os diretores de agrupamentos escolares afirmam não terem recebido qualquer informação oficial sobre quando arranca a vacinação.

“Oficialmente, não fui informado de nada. Oficiosamente, sei que será no próximo fim de semana”, diz Manuel Pereira, presidente da ANDE, associação nacional de dirigentes escolares, reportando-se a declarações feitas na semana passada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

Na quinta-feira, o coordenador da task force apontava o início da vacinação para essa data. “Em princípio, para além de fazermos o arranque da vacinação com a AstraZeneca esta segunda-feira [22 de março], os docentes serão vacinados no fim de semana seguinte”, disse então o militar.

Utentes de lares já receberam 1.ª dose

A totalidade das 200 mil pessoas dos lares de idosos e das unidades de cuidados continuados já receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, indica o último relatório do estado de emergência.

O documento, referente ao período 15 de fevereiro a 1 de março e entregue esta segunda-feira na Assembleia da República, dá conta que nos estabelecimentos residenciais para idosos e na rede nacional de cuidados continuados integrados, onde existem cerca de 200 mil pessoas a vacinar, “já haviam recebido pelo menos a primeira dose a totalidade do seu universo“.

O relatório realizado pela Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência, coordenada pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, dá também conta que, entre os 180.271 profissionais de saúde já vacinados, 121.865 eram profissionais do Serviço Nacional de Saúde e 58.406 outros profissionais de saúde do setor privado.

O documento, que vai ser discutido na quinta-feira na Assembleia da República, dá conta que se realizaram no país, até 1 de março, 8.261.810 testes de diagnóstico à covid-19 e, segundo o mesmo relatório do Governo, o dia em que mais testes se realizaram desde o início da pandemia foi a 22 de janeiro, num total de 76.965.

O documento da Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência faz um ponto de situação das casas de acolhimento de crianças e jovens, que acolhem um total de 4.926, e onde está a ser feito acompanhamento desde abril de 2020.

Desde essa data que se registou um aumento de crianças e jovens no sistema de acolhimento nos distritos de Bragança, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto e Setúbal, enquanto em Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Portalegre, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu se verificou uma descida.

O relatório refere que se registou, desde o início da pandemia, uma diminuição de 60% das crianças e jovens que se encontravam nas famílias de origem e um aumento, em janeiro, de comportamentos de fuga, podendo ser indicador “de maior desgaste, cansaço dos jovens face à situação pandémica“.

O documento indica ainda que, entre 15 de fevereiro e 1 de março, foram servidas nas escolas, em média, mais de 42.600 refeições diárias a alunos beneficiários da ação social escolar.

Outra das conclusões deste 11.º estado de emergência é que a média diária de alunos a frequentar presencialmente a escola foi subindo de semana para semana, tendo rondado, entre 15 de fevereiro e 1 de março, os 15.900 alunos, em média, por dia. Destes 15.900 alunos, cerca de 6.500 eram filhos de trabalhadores essenciais, mais de 5.200 alunos para quem o ensino a distância se revela ineficaz e cerca de 4.200 alunos que necessitam de terapias ou medidas adicionais

Pessoas com deficiência voltam a pedir prioridade

Várias associações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência voltaram esta segunda-feira a pedir à ministra da Saúde para serem considerados prioritários na vacinação contra a covid-19, depois de um primeiro apelo ter ficado sem resposta.

Por e-mail, mais de 70 organizações perguntaram a Marta Temido “que pessoas com deficiência vão ser vacinadas na primeira e na segunda fase?”, querendo igualmente saber se “os seus cuidadores também vão ser vacinados” e quando é que isso irá acontecer.

No texto, assinado por Jorge Falcato, em representação da associação Centro de Vida Independente, as associações começam por “lamentar não ter havido qualquer resposta à comunicação que mais de 70 organizações de e para pessoas com deficiência” dirigiram à ministra da Saúde em 15 de fevereiro “solicitando a alteração do Plano Nacional de Vacinação Covid-19”.

Lembram também que no primeiro dia de março, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou que as pessoas com trissomia 21 iriam fazer parte dos grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19 e disse estar disponível para analisar outros grupos que fossem sendo propostos.

Salientam igualmente que, três dias depois, a secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, admitiu haver outros casos de deficiências que seriam justificáveis para serem considerados prioritários e que esse trabalho estaria a ser feito com o Ministério da Saúde, tendo enumerado as paralisias cerebrais, as lesões vertebromedulares ou as pessoas com deficiência intelectual.

As associações destacam ainda que 5.515 pessoas já assinaram uma petição pela “prioridade das pessoas com deficiência na vacinação contra a Covid-19”, pelo que “também querem saber quando se concretizam as declarações proferidas quer pela diretora-geral da Saúde, quer pela secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência”.

A Lusa contactou o Ministério da Saúde e aguarda uma resposta por parte do gabinete da ministra Marta Temido.

Em meados de fevereiro, estas mais de 70 organizações fizeram o mesmo apelo junto do presidente da República e do primeiro-ministro, bem como do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, da ministra da Saúde, Marta Temido, da secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas e do coordenador da task force para o plano de vacinação em Portugal, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

Na carta, as mais de 70 organizações alertaram que as pessoas com deficiência correm maior risco de contrair covid-19, tendo em conta as condições de saúde e o contacto próximo com os seus cuidadores, e de desenvolver sintomas mais graves da doença, defendendo que estas pessoas “não podem ficar esquecidas”.

Defendiam também que as pessoas com deficiência e os seus cuidadores tenham acesso prioritário à vacinação, incluindo assistentes pessoais, cuidadores familiares e pessoas que trabalhem em serviços relacionados com a deficiência.

Queriam que fossem incluídas todas as pessoas com deficiência, independentemente da idade, que tenham uma das patologias já definidas, pessoas com deficiência intelectual ou psicossocial, pessoas autistas (que estão dispensadas do uso de máscara), bem como os cuidadores destas pessoas.

Na carta enviada, era também defendido que a segunda fase de vacinação fosse alargada às restantes pessoas com deficiência e que os locais de vacinação sejam facilmente acessíveis, além de pedirem programas específicos de transporte quando necessário ou orientações e assistência personalizada para quem precise.

Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa

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