O museu holandês Mauritshuis quer provar que a arte não é apenas um banquete para os olhos. Para isso, incentiva os visitantes a cheirar as suas pinturas.
Assim que o Mauritshuis reabrir ao público, irá estrear a Smell the Art: Fleeting Scents in Color, uma exposição de algumas obras do século XVII que inclui pinturas que podem ser “cheiradas”. Basta tocar num botão para uma espécie de esguicho de alta tecnologia libertar um aroma.
A experiência multissensorial parece despertar curiosidade, mas o museu avisa que o cheiro pode não ser tão agradável quanto esperam os visitantes, já que as pinturas representam aromas “perfumados e sujos“.
“Já se questionou como cheirava um canal de Amesterdão há 400 anos? Era muito desagradável: na altura, excrementos, resíduos e todos os tipos de lixo foram atirados para a água”, explica o museu, no site.
Mas por que motivo se sujeitaria alguém a um cheiro tão hediondo? Justus Verhagen, professor de neurociência na Universidade de Yale, explicou ao Artnet que a experiência pode evocar um sentimento de pertença à pintura.
“O olfato está entrelaçado com o sistema límbico antigo do cérebro por ter acesso direto a estruturas como a amígdala, complexo hipocampal e córtex”, disse. “Estas regiões estão fortemente envolvidas nas emoções e memórias.”
Outros sentidos, como a visão, são “muito menos diretos, uma vez que são bloqueados pelo tálamo”.
O museu continua de portas fechadas na sequência das restrições impostas pela pandemia de covid-19. Agora, está a trabalhar numa “caixa de fragrâncias” que, além de quatro dos aromas criados para a exposição, contém também um convite para uma visita online por apenas 25 euros.
“Acho que nunca foi feito nada assim”, disse Ariane van Suchtelen, curadora do museu holandês. “Esta caixa ainda é uma experiência”, acrescentou.