China. PCC aposta na tecnologia interna e na repressão em Hong Kong

World Economic Forum / Flickr

O presidente da China, Xi Jinping

Os órgãos consultivos e legislativos da China vão reunir-se a partir desta quinta-feira e aprovar as diretivas da Partido Comunista Chinês (PCC), que aposta em políticas que tornem o país menos dependente do exterior, tanto nas exportações como na tecnologia.

Nas sessões de 2020, lembrou o Diário de Notícias, a China estabeleceu a lei de segurança nacional em Hong Kong, pondo em causa a autonomia parcial do território. Em menos de um ano, as tensões externas e a rivalidade com outros países aumentaram, com as duas reuniões deste servindo para afirmar as políticas internas do PCC.

Para Zuo Xiaolei, um economista de Pequim, a China está a evoluir de um fabrico de bens de menor valor para a “intensividade tecnológica”, disse Zuo Xiaolei, um economista de Pequim. Já Li-Gang Liu, economista do Citigroup, afirmou que o país “está a passar da luta contra o coronavírus para o regresso aos objetivos de desenvolvimento a longo prazo”.

O ministro da Indústria Xiao Yaqing, acredita que a China precisa de desenvolver uma cadeia de abastecimento “independente e controlável”, como circuitos integrados, telecomunicações de próxima geração e carros elétricos. O país precisa de “acelerar o desenvolvimento da economia digital”, acrescentou.

O 14.º plano quinquenal, a aprovar nestas duas sessões, vai apostar no reforço mútuo dos mercados interno e externo, com foco no primeiro. Na sexta-feira, o primeiro-ministro Li Keqiang vai anunciar a meta de crescimento anual. Após o crescimento de 2,3% no ano passado, os analistas dizem que este poderá colocar a fasquia nos 7%.

Ativistas levados à exaustão pela Justiça de Hong Kong

O tribunal de Hong Kong, que está ouvir os 47 políticos e ativistas pró-democracia acusados no domingo de “conspiração para cometer subversão” para decidir se os mantém presos ou liberta sob fiança, prolongou as audiências para o quarto dia consecutivo, levando muitos à exaustão e alguns ao hospital, revelou na quarta-feira o Público.

Os acusados sofrem privação de sono, alimentação deficiente, longas horas de depoimentos, continuando com as mesmas roupas que vestiam no dia em que se apresentaram às autoridades. Entre os transportados para o hospital está o ex-deputado Leung Kwok-hung, de 64 anos, que sofre de um problema de coração.

A duração desta fase preliminar do processo está relacionada com a nova lei de segurança nacional, na qual está estabelecido que, em crimes de secessão, subversão, terrorismo e conspiração com potência estrangeira hostil, cabe aos acusados provarem que não são uma ameaça e que podem aguardar pelo julgamento em liberdade, pagando uma fiança.

“Nunca vimos nada disto. Normalmente [esta fase] é muito rápida. É estranho. Isto é um teste àquilo que vai começar a acontecer em Hong Kong”, lamentou o cônsul-geral da República da Irlanda em Hong Kong, David Costello, citado pela Reuters.

“O que está a acontecer no tribunal é uma purga política e uma encenação. Altamente reconhecido em tempos, o sistema judicial de Hong Kong foi sequestrado e usado para fazer propaganda”, disse o diretor do think tank Hong Kong Democracy Council, Samuel Chu, ao New York Times.

Entre os acusados – 39 homens e oito mulheres, com idades entre os 23 e os 64 anos – estão os ex-deputados Eddie Chu e Alvin Yeung, os ativistas Joshua Wong, Owen Chow, Benny Tai e Lester Shum, que podem ser julgados na China continental e enfrentar uma condenação que, no pior cenário, pode ir até à prisão perpétua.

A acusação tem por base o seu envolvimento na organização das eleições primárias do movimento pró-democracia, de julho de 2020, para escolherem os candidatos às legislativas, adiadas para setembro de 2021.

Taísa Pagno //

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