O Governo irlandês vai apresentar desculpas formais pelos abusos registados em residências administradas pela Igreja para mulheres solteiras grávidas, onde 9 mil crianças morreram e, por vezes, foram enterradas em valas comuns, segundo um relatório oficial publicado esta quarta-feira.
O primeiro-ministro, Micheál Martin, disse esta quarta-feira que o relatório descreve “um capítulo obscuro, difícil e vergonhoso da história irlandesa muito recente”, a qual teve “consequências reais e duradouras para muitas pessoas”.
Um pedido de desculpas está programado para ser apresentado por Martin no parlamento na quarta-feira, mas poderá ser adiado, segundo a estação RTÉ.
Uma Comissão criada para o efeito investigou durante cinco anos o funcionamento de 18 residências espalhadas pelo país durante 76 anos, entre 1922 e 1998, por onde terão passado cerca de 56 mil mulheres solteiras e 57 mil crianças.
“As mulheres eram admitidas (…) porque não conseguiram garantir o apoio da sua família e do pai do filho, sendo forçadas a sair de casa e procurar um lugar onde pudessem ficar sem ter que pagar. Muitos eram indigentes. Mulheres entravam nas residências porque receavam que as famílias ou vizinhos soubessem da gravidez”, lê-se no documento.
A maioria dos casos foram registados nos anos 1960 e 1970 e, embora a situação não fosse inédita, a proporção de mães solteiras irlandesas que foram admitidas neste tipo de instituições no século XX foi “provavelmente a mais alta do mundo”.
Mais um bonito serviço da Igreja (e seus derivados)…