A TraceTogether é um dos melhores exemplos de que as aplicações de rastreio da covid-19 podem mesmo ser eficazes. No entanto, tem sido alvo de muitas críticas na última semana, depois de o Governo da Singapura ter confirmado que os dados dos cidadãos que usam a app podem ser utilizados pela polícia.
De acordo com o Engadget, uma recente atualização na política de privacidade da TraceTogether permite às autoridades de Singapura aceder aos dados que os cidadãos colocam na aplicação, equivalente à portuguesa StayAway Covid.
Antes, lia-se no site oficial da app que “os dados recolhidos” não seriam partilhados com outros utilizadores e “seriam apenas usados para rastreio de contactos”. Agora, segundo o portal especializado, lê-se que os dados podem ser usados “em circunstâncias em que a segurança dos cidadãos tenha sido ou possa ser afetada”.
Esta atualização terá aparecido depois de Desmond Tan, ministro dos Assuntos Internos, ter dito durante uma conferência de imprensa que a polícia de Singapura podia ter acesso aos dados da aplicação, como número de telemóvel e identificador único, em caso de emergência.
“A Força Policial de Singapura tem poderes para obter quaisquer dados, incluindo os da TraceTogether, para investigações criminais“, disse, citado pela Reuters.
Vivian Balakrishnan, ministro dos Assuntos Estrangeiros da Singapura, disse esta terça-feira que o facto de os dados da TraceTogether poderem ser usados em caso de emergência não é uma exceção, uma vez que todos os dados recolhidos no país podem ser utilizados pelas autoridades quando estão a investigar crimes sérios.
“Há outros exemplos de dados sensíveis como registos telefónicos ou bancários [que são utilizados]”, explicou, frisando que são casos muito raros.
À semelhança de outros Governos, incluindo o português, o Governo de Singapura lançou a TraceTogether numa tentativa de diminuir o número de contágios de covid-19. Neste país, e ao contrário do que acontece na grande maioria dos países, a app tem sido um sucesso.
Atualmente, mais de 3,8 milhões de pessoas usam a TraceTogether (quase 68% da população), um número que aumentou depois de o Governo ter sugerido que a adesão em massa poderia acelerar o alívio de restrições.