Centenas de túmulos descobertos na cidade espanhola de Tauste, perto de Saragoça, revelam a sua história muçulmana anteriormente desconhecida.
A invasão muçulmana da Península Ibérica ocorreu entre 711 e 726, quando tropas islâmicas oriundas do Norte de África cruzaram o estreito de Gibraltar e penetraram na Península Ibérica. Nos anos seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas, assenhoreando-se do território designado em língua árabe como Al-Andalus, que governaram por quase oitocentos anos.
Agora, uma equipa de investigadores encontrou no nordeste espanhol um dos maiores cemitérios muçulmanos do país, com 433 sepulturas, algumas das quais pertencentes aos primeiros 100 anos da invasão muçulmana.
De acordo com o Live Science, os arqueólogos desenterraram os túmulos antigos de um mausoléu em Tauste, no Vale do Ebro, a cerca de 40 quilómetros de Saragoça. Os restos mortais encontrados no sítio arqueológico provam que os mortos foram enterrados de acordo com os rituais fúnebres muçulmanos e sugerem que a cidade foi maioritariamente islâmica durante centenas de anos.
No entanto, nos registos e histórias locais não se faz menção do domínio muçulmano sobre este região. “O número de pessoas enterradas na necrópole e o tempo em que foi ocupada indicam que Tauste era uma cidade importante no Vale do Ebro na época islâmica”, disse a arqueóloga Eva Giménez ao Live Science.
As sepulturas encontradas também tinham características tipicamente muçulmanas. Além de serem suficientemente grandes para nelas caber o corpo inteiro, os mortos eram enterrados numa mortalha branca, independentemente do seu estatuto social.
Giménez sugere também que mais sepulturas muçulmanas podem ainda ser encontradas: “Agora temos informações que indicam que o tamanho da necrópole é maior do que o que se sabia”.
A influência do domínio islâmico foi reconhecida em partes próximas da região, mas a fase islâmica em Tauste era até agora desconhecida. No passado, túmulos antigos foram descobertos na cidade, mas pensava-se serem de vítimas de uma pandemia de cólera que matou 250 mil pessoas em Espanha em 1854 e 1855, explicou a diretora do Observatório Antropológico da Necrópole Islâmica de Tauste, Miriam Pina Pardos.