A concorrência, a pesca e a disputa de conflitos continuam a impedir um acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia. Este domingo era o último dia para se alcançar um acordo para o Brexit, mas as conversações vão continuar nos próximos dias.
De acordo com o Expresso, o “fantasma de três cabeças” – a concorrência, a pesca e a disputa de conflitos – voltou a atacar e a impedir o ponto final.
“Apesar da exaustão de quase um ano de negociações e apesar do facto de os prazos terem sido incumpridos uma e outra vez, acreditamos que, nesta fase, é responsável fazer um último esforço”, reagiu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado.
Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, disse à Sky News que é preciso estar-se preparado para a possibilidade de no deal, o que resultaria numa imposição imediata de tarifas no dia 1 de janeiro entre dezenas de outras normas que agora apenas se aplicam aos países fora da União Europeia.
O governante quer recuperar a soberania do Reino Unido, anulando a jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça em terras britânicas ou recuperando as milhas de pesca que considera só suas. No entanto, nem uma nem outra exigências foram aceites pelos congéneres europeus de Boris Johnson.
Jim Brunsten, correspondente em Bruxelas do Financial Times, disse no podcast do jornal londrino que pouco se falou do Brexit durante a cimeira. O Brexit foi um pequeno ponto na agenda e consistiu apenas numa breve apresentação por parte de von der Leyen sobre o jantar que tinha tido na noite anterior com Boris Johnson.
“É muito significativo o quão pouco se falou de Brexit, o tema foi deliberadamente colocado de lado. Nenhum dos líderes, à chegada, mencionou o assunto sequer. É um sinal de que, para já, estão satisfeitos em deixar tudo isto nas mãos das equipas de negociadores, ao contrário dos britânicos, sempre obcecados com cimeiras. O cenário de sonho dos britânicos são as conversas bilaterais para resolver as coisas”, afirmou.
A Comissão Europeia divulgou recentemente o plano de contingência para a possibilidade de uma saída sem acordo, no qual assume cenários como a interrupção das ligações aéreas e rodoviárias.
De acordo com o semanário, a divulgação pode mesmo ser entendida como uma última força de pressão sobre os britânicos para que estes aceitem as condições para uma futura relação comercial.
Os problemas são os mesmo de sempre: as milhas de pesca, as regras para a concorrência justa e como (e em que instituição) resolver eventuais disputas comerciais futuras.
O Reino Unido abandonou a União Europeia a 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31. Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação, para além de mais controlos alfandegários e regulatórios.
Vão aceitar tudo dos brits
Estás muito enganado. E o longo processo negocial resulta disso mesmo. Não vão ceder em quase nada ao contrário do que o palerma do Boris pensava.
Se aceitarem, o mercado único deixa de fazer sentido pois outros países poderão querer ir pelo mesmo caminho. Eles querem uma re-edição da CEE, versão 2.0 exclusiva para eles. Com todos os benefícios e nenhum dos contratempos, claro. E ja agora trazidos numa bandeja de ouro.
Se isto acabar em relações OMC, daqui a um ano ainda vão estar a penar. Não sabem no que se metem…
Totalmente de acordo. Os ingleses não vão conseguir ter o que pretendem. Isso abriria uma enorme caixa de pandora. Vão ter de ser exemplo para qualquer outro país que queira sair. E duvido muito que o Reino Unido mantenha a evolução económica até aqui registada fora da UE. Acho mesmo impossível.
Já começa a cansar o pacote de abébias que estão a dar aos snobs.
A União Europeia deve manter-se firme na defesa dos seus interesses que podem coincidir, ou não, com os do Reino Unido.
Não coincidem. E por isso é que as negociações estão muito complicadas e pode até nem haver acordo nenhum. Para Portugal não seria bom (turismo, exportações…). Mas pode acontecer.
Espero bem que estou enganado. Mas porque é que eles não simplesmente fecham a porta? Só se pensam que a GB esteja numa ponte, ameaçando saltar.
Bom, espero que ja sabem nadar, jó.
Estive a ver quais os produtos ingleses que consumo. Só o carro, mas há alternativas.
Daqui a uns anos, a libra já não vale nada e teremos que suportar as enfermeiras que regressam.
Mas por ora aposto que fazem um acordo a última da hora