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Standard Liège 2-2 Benfica | “Águia” com pólvora seca

Julien Warnand / EPA

O Benfica falhou o objectivo de atingir a liderança do Grupo C da Liga Europa. As “águias” não só empataram a dois golos – Raskin, Tapsoba, Everton e Pizzi foram os marcadores de serviço – na deslocação desta quinta-feira ao reduto do Standard de Liège, na sexta e última jornada, como ainda não beneficiaram de uma possível escorregadela do Rangers, que fez a sua parte e derrotou o Lech por 2-0

No fecho de contas, os “encarnados”, que foram perdulários, demonstrando “pólvora seca” no momento de visar a baliza adversária e acumularam as já habituais falhas colectivas a defender, somaram 12 pontos e ficaram a dois pontos da equipa de Steven Gerrard, estando agora à mercê de enfrentar os “tubarões” que vão chegar da Liga dos Campeões.

O jogo explicado em números

  • Jorge Jesus prometeu na conferência de Imprensa de antevisão a este jogo e cumpriu, procedendo a quatro alterações na equipa habitualmente mais utilizada. Helton Leite, Jardel, João Ferreira e Pedrinho foram chamados para as vagas de Vlachodimos, Otamendi, Gilberto e Rafa, respectivamente. Waldschmidt, o herói no duelo ante o Paços de Ferreira, voltou a formar dupla com Darwin Núñez no ataque.
  • Ao minuto cinco, no primeiro remate do encontro, Nuno Tavares isolou Waldschmidt, mas Bodart travou as intenções do alemão. E 60 segundos depois, o guarda-redes voltou a estar em evidência ao defender um remate forte de Taarabt. Aos 10, Everton, com tudo para marcar, fez o mais difícil e falhou o alvo. Boa dinâmica dos “encarnados”, que conseguiam – mesmo tendo menos bola (49%) – defender com acerto e saíam para o ataque em rápidas transições, envolvendo cinco a seis unidades.
  • Porém, a resposta belga foi letal. Decorria o minuto 12 quando Jans assistiu e Raskin cabeceou para o fundo das redes. Mais um lance que deixa a nu as dificuldades do Benfica na transição defensiva e em fechar os espaços, com Jardel e João Ferreira, neste caso, a não ficarem nada bem na fotografia. O emblema “encarnado” sofre golos fora de casa nas competições europeias há 21 jogos consecutivos.
  • Num início de encontro de alta voltagem, chegou o empate volvidos quatro minutos. Aos 16, Taarabt “ofereceu” o ouro a Everton, que redimiu-se do falhanço anterior e decretou o 1-1. Muito mérito para Pedrinho na forma como descobriu o internacional marroquino no início do lance.
  • E o ritmo não abrandou. Darwin (22′) e Taarabt (25′) ficaram próximos da remontada. Aos 30 minutos, as “águias” registavam 49% da posse de bola, nove remates (cinco enquadrados), quatro cantos e 118 passes certos em 135 feitos. Everton, com três remates, um golo – Expected Goals (xG) de 0,9 -, dois passes para finalização, três dribles eficazes em outros tantos tentados e seis acções com a bola dentro da área belga, era o jogador com melhor GoalPoint Rating, de 6.4.
  • Em cima do período de descanso, numa excelente jogada, Taarabt e Darwin combinaram na perfeição, o uruguaio assistiu, mas Bodart foi gigante e defendeu o tiro de Waldschmidt. Foi o 11º remate dos visitantes no encontro, sendo que seis levaram a direcção da baliza, mas apenas um terminou no fundo das redes belgas.
  • Intervalo Primeira metade movimentada no Estádio Maurice Dufrasne, com dois golos apontados nos primeiros 46 minutos e diversas ocasiões desperdiçadas, principalmente pelo Benfica, que pecou na definição, ora no remate, ora no último passe, e dessa forma não conseguiu festejar mais do que o acerto de Everton. Principal municiador dos ataques da equipa, Taarabt foi o MVP neste período com um GoalPoint Rating de 6.5. O médio marroquino esteve sempre “on” e participou em quase todos os lances perigosos, acumulando dois remates, ambos enquadrados, dois passes para finalização, o máximo nesta etapa de quatro passes valiosos (decisões certas a menos de 25 metros da baliza) e 32 acções com o esférico.
  • Jardel, com um corte decisivo aos 50 minutos, interceptou um remate de Tapsoba, que já se encontrava no interior da área lisboeta.  Pedrinho, do meio da rua, arriscou e quase marcava, valendo os reflexos de Bodart. Aos 58, Jardel voltou a ser o “bombeiro” de serviço e negou mais uma ocasião perigosa do Standard.
  • E o golo dos belgas não tardou muito e chegou à passagem da uma hora de jogo. Num contra-ataque, Collins Fai recuperou a bola, após desentendimento entre Taarabt e João Ferreira, galgou vários metros na zona central sem qualquer oposição, no momento certo assistiu Tapsoba que rematou e apontou o 2-1. A bola ainda resvalou em Vertonghen.
  • Depois, Darwin, já sem ângulo, atirou ao poste antes das entradas em cena de Pizzi e Rafa, que substituíram Waldschmidt e Pedrinho. Aos 66 minutos foi assinalada falta de Laifis sobre João Ferreira, grande penalidade que Pizzi não desperdiçou e fez o 2-2. Foi o sexto tento, em seis partidas, do internacional luso nesta edição da competição.
  • Aviso sério de Cimirot que saiu um pouco ao lado da baliza aos 74’ minutos Um minuto depois, Rafa não conseguiu dar seguimento a uma excelente diagonal. Um dado chamava a atenção nesta fase, o número de perdas de bola dos dois conjuntos. Os anfitriões tinham 109 e os forasteiros 102.
  • Helton Leite deu – literalmente – o peito à bola e impediu que Muleka marcasse o 3-2 a cinco minutos dos 90. No tudo ou nada, João Jesus lançara minutos antes Seferovic para o lugar de Taarabt, substituição que fez com que Pizzi se juntasse a Gabriel, que, entretanto, tinha ocupado a vaga do lesionado Weigl. Bodart, mais uma vez, voltou a ser vilão para o Benfica, desta feita depois de ter defendido um remate de Everton. E na sequência de um canto, Darwin falhou por centímetros o golo.
  • Já em período de descontos, Gabriel desmarcou Pizzi, o médio atirou e a bola embateu com estrondo no ferro da baliza contrária. Foi a 17ª tentativa dos vice-campeões nacionais, sendo que nove foram em direcção à baliza.
  • O Benfica, que marca nas provas da UEFA há 15 partidas de rajada, fecha esta fase da Liga Europa sem derrotas, mas sem brilhar e denotando ainda inúmeras falhas no processo de jogo.

O melhor em campo GoalPoint

Exibição afirmativa de Weigl, que foi o melhor jogador da partida com um GoalPoint Rating de 7.0. O médio alemão exibiu-se a um bom plano e só abandonou o terreno de jogo devido a uma lesão na recta final. Do pecúlio do número 28 destacam-se dois passes para finalização, apenas dois passes falhados em 35 realizados (94% de eficácia), quatro passes progressivos certos, quatro passes longos correctos em cinco, dois desarmes, três acções defensivas, dois alívios e oito intercepções, um máximo neste embate. Será que foi desta que conseguiu convencer Jorge Jesus?

Jogadores em foco

  • Taarabt 6.7 – Jogo de permanente risco, quando acerta é um regalo para a vista e os colegas agradecem, mas quando se perde em fintas ou no momento certo de passar a bola, desequilibra a equipa (acumulou 15 perdas de bola e quatro maus controlos do esférico). Nesta constante “montanha-russa”, o marroquino evidenciou-se… pela positiva, principalmente até aos 65 minutos. Foi autor de dois remates, dois passes para finalização, seis passes valiosos (decisões certos feitas a menos de 25 metros da baliza) – máximo na partida – e dois dribles certos em três tentados.
  • Pizzi 6.3 – Mais uma exibição para calar os seus “hatters”. Em apenas 28 minutos voltou a marcar – Expected Goals (xG) de 0,9 -, assinando o sexto golo na prova, e ainda viu o poste “roubar-lhe” mais um tento. Contabilziou 25 acções com a bola e duas acções com o esférico na área do Standard.
  • Everton 6.3 – Foi o principal agitador do ataque, marcou, não pensou duas vezes no momento de rematar (cinco tentativas), gizou três passes para finalização, quatro passes valiosos, seis acções com a bola na área belga e foi eficaz em quatro dos seis dribles feitos. A rever, os maus controlos – registou cinco nesta noite – e as perdas de bola, ao todo foram 16.
  • Bodart 5.9 – Fez de tudo para travar as diversas tentativas benfiquistas. Nem sempre ortodoxo, realizou sete intervenções, sendo que em duas foram a remates no interior da área.
  • Pedrinho 5.6 – Uma das novidades nas escolhas iniciais de JJ, não desperdiçou a oportunidade e, enquanto actuou, esteve concentrado e ajudou a equipa. O ponto alto foi o passe que abriu o caminho para o golo do 1-1. Antes de sair ficou próximo de marcar, mas Bodart impediu novos estragos.
  • João Ferreira 5.2 – Estreante nas andanças europeias de águia ao peito, teve como ponto alto o lance que esteve na génese do 2-2, quando foi derrubado por Konstantinos Laifis. Fez um encontro certinho, sem deslumbrar. Realizou um cruzamento, sete recuperações de bola, duas acções defensivas no meio-campo belga e três desarmes.

GoalPoint

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