As autoridades do Bangladesh já deslocaram desde quarta-feira mais de mil pessoas da etnia Rohingya de campos de refugiados próximos da fronteira com o Myanmar para a ilha remota de Bhashan Char, sem o seu consentimento.
Segundo a agência AFP, citada pelo Expresso, as autoridades locais indicaram que Bangladesh já tinha anunciado que pretendia deslocar 2.500 famílias Rohingya.
“É essencial as autoridades do Bangladesh deixarem que as Nações Unidas e outros grupos ligados aos direitos humanos avaliem de forma independente as condições de habitabilidade de Bhashan Char antes que sejam tomados quaisquer passos no sentido de realocar lá as pessoas”, avisou Saad Hammadi, responsável da Amnistia Internacional no sul da Ásia.
“Nenhum plano de realocação, para Bhashan Char ou para qualquer outro sítio, pode ser iniciado sem o consentimento total e informado das pessoas envolvidas”, disse. Em Kutupalong, o maior campo de refugiados do mundo, as pessoas estão preocupadas e a manterem-se junto às suas casas. As autoridades baniram todo o tipo de transportes dentro dos campos.
Bhashan Char formou-se há 20 anos na baía de Bengal graças a uma acumulação de lodo. Há já 300 Rohingya na ilha desde abril, depois de terem sido apanhados no mar, e têm surgido relatos de abusos sexuais por parte de guardas, avançou o Guardian.
Em setembro, alguns líderes dos campos de refugiados visitaram a ilha. Mohammad Hanif, de 40 anos, foi um deles e disse estar “bastante satisfeito”. “Tem casas melhores, mesquitas, escolas, mercados. E o governo prometeu que não haverá falta de apoio por parte das Nações Unidas e outras agências”, disse.
As Nações Unidas ainda não concordaram em trabalhar na ilha e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados comunicou que não esteve envolvido nas realocações, pressionando o Bangladesh a deixar que entidades independentes visitem o local.