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Os desenhos de da Vinci escondem um mundo de bactérias e fungos

Pinar et al., Frontiers in Microbiology, 2020

“Uomo della Bitta”, desenho de Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci é famoso pelas suas obras de arte elaboradas e cheias de nuances. Mas um novo estudo revelou um outro nível de complexidade nos seus desenhos: um mundo oculto de minúsculas formas de vida.

De acordo com o site Live Science, cientistas examinaram o material biológico microscópico (vivo e morto) de sete desenhos de Leonardo da Vinci e encontraram uma diversidade inesperada de bactérias, fungos e ADN humano.

A grande maioria “aterrou”, provavelmente, nos esboços do artista renascentista muito depois da sua morte, há 501 anos. Por isso, o ADN, ou grande parte dele, deverá pertencer a outras pessoas que manipularam os desenhos ao longo dos séculos. Mas os novos materiais biológicos têm uma história para contar.

A maior surpresa, escreveram os investigadores no estudo publicado, a 20 de novembro, na revista científica Frontiers In Microbiology, foi a alta concentração de bactérias, especialmente quando comparadas com os fungos.

Estudos anteriores mostram que os fungos tendem a dominar os microbiomas de objetos de papel, mas, neste caso, estava presente uma quantidade excecionalmente alta de bactérias provenientes de humanos e insetos (provavelmente introduzidas pelo manusear intensivo dos desenhos durante as obras de restauro, ou através das moscas que lá pousaram e dos seus excrementos).

“Em conjunto, os insetos, os restauradores e a localização geográfica parecem ter deixado um traço invisível nos desenhos. É difícil dizer se algum destes contaminantes foi originado na época em que Leonardo da Vinci estava a fazê-los”, afirma, em comunicado, a equipa responsável pela pesquisa.

Os investigadores utilizaram uma nova ferramenta chamada Nanopore, um método de sequenciamento genético que decompõe e analisa rapidamente material genético, para fazer o estudo detalhado dos diferentes materiais biológicos.

Em 2019, a mesma equipa já tinha investigado as condições de armazenamento, e até mesmo a possível origem geográfica, de três estátuas recuperadas de contrabandistas. E, no início deste ano, o microbioma de antigos pergaminhos permitiu elucidar a origem animal das peles usadas no seu fabrico, há mil anos.

“A sensibilidade do Nanopore oferece uma ótima ferramenta para a monitorização de objetos de arte. Permite a avaliação dos microbiomas e a visualização das suas variações devido a situações prejudiciais. Isto pode ser usado como um bio-arquivo dos objetos históricos, fornecendo uma espécie de impressão digital para comparações atuais e futuras”, declarou Guadalupe Piñar, autora principal do estudo.

ZAP //

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