O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, morreu esta quarta-feira, em Lisboa, aos 98 anos.
A notícia foi inicialmente avançada pelo jornal Público, sendo depois confirmada à agência noticiosa Lusa por fonte próxima da família de Gonçalo Ribeiro Telles.
O arquiteto, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, faleceu na tarde desta quarta-feira, em casa, rodeado pela família.
De acordo com o matutino, Ribeiro Telles, que foi também professor universitário, é provavelmente a figura pública que os portugueses mais associam à luta pela ecologia e pelo ambiente desde o 25 de abril.
Nascido a 25 de maio de 1922, em Lisboa, Ribeiro Telles é autor de projetos relevantes em Lisboa, como os Corredores Verdes e os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian.
Gonçalo Ribeiro Telles foi também líder do Partido Popular Monárquico (PPM) e dirigente da Aliança Democrática, coligação de centro-direita, formada em Portugal 1979 pelo Partido Social-Democrata (PPD/PSD), pelo Centro Democrático Social (CDS) e pelo PPM, tal como recorda o semanário Expresso.
Assumiu funções governamentais: foi subsecretário Estado do Ambiente e Secretário de Estado de Ambiente entre 1974 e 1976 e, de 1981 a 1983, foi Ministro da Qualidade de Vida, ministério responsável pela política executivas nas áreas dos desportos e do ambiente, e que só existiu durante breves anos, escreve o mesmo jornal.
Governo decreta um dia de luto nacional
O Governo decidiu hoje decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte do arquiteto paisagista e fundador do PPM (Partido Popular Monárquico).
O primeiro-ministro considerou esta quarta-feira que o país tem para com Gonçalo Ribeiro Telles uma “enorme dívida de gratidão” e que a sua morte é uma “perda inestimável”, manifestando-se confiante que o legado do arquiteto paisagista perdurará.
“O país tem para com Gonçalo Ribeiro Telles uma enorme dívida de gratidão, quer no lançamento das bases da política ambiental em Portugal, quer no desenvolvimento de uma consciência ecológica”, escreve António Costa numa mensagem publicada na sua conta pessoal na rede social Twitter.
Na mesma mensagem, o primeiro-ministro considera que Gonçalo Ribeiro Telles foi “um homem à frente do seu tempo”. “As ideias que defendia há 50 anos e eram então consideradas utópicas são hoje comummente aceites. A sua perda é inestimável. O seu legado, felizmente, perdura, e somos todos seus beneficiários”, acrescenta.
Em 26 de junho passado, o primeiro-ministro homenageou o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, durante a cerimónia de inauguração da nova Casa dos Vinte e Quatro, antiga Assembleia Municipal de Lisboa, considerando que o fundador e líder histórico do PPM foi uma figura inspiradora e transformadora de Portugal.
Gulbenkian recorda “figura ímpar”
Por sua vez, o Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian expressou “profundo pesar” pela morte do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, “figura ímpar” ligada àquela instituição “desde o primeiro momento”.
Num comunicado esta quarta-feira divulgado pela fundação, a sua presidente, Isabel Mota, recorda “o amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas, responsável, em conjunto com António Viana Barreto, pelo desenho do jardim da Fundação Gulbenkian [em Lisboa], um espaço que se tornou emblemático para todos os que diariamente aqui esquecem o bulício da cidade”.
Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, morreu hoje à tarde, em casa, em Lisboa, rodeado por familiares, revelou à agência Lusa fonte próxima da família.
A presidente da Fundação Gulbenkian lembra que o arquiteto era um “incansável defensor das cidades ecológicas e humanizadas, das reservas e parques naturais, dos jardins e das hortas urbanas, perante a ameaça constante dos interesses privados e corporativos”.
“Nunca é demais realçar o espírito de um homem à frente do seu tempo que viu, como poucos, o que reservava o futuro numa altura em que os alarmes das crise ecológica e climática ainda não soavam com a força de hoje. Um homem profundamente cansado de ter razão que tantas vezes viu a cidade tomar um rumo contrário à visão que, sabiamente, defendia, baseada num profundo conhecimento e num amplo bom-senso”, refere.
ZAP // Lusa