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Um ano depois do exílio, Evo Morales regressa à Bolívia de forma triunfal

agenciaandes_ec / Flickr

Evo Morales, antigo Presidente da Bolívia

O ex-Presidente regressou à Bolívia, esta segunda-feira, um ano depois da sua saída repentina do país, queixando-se de ter sido vítima de um golpe de Estado.

Evo Morales abandonou a Argentina, onde estava desde 12 de dezembro de 2019, regressando agora à Bolívia, um dia depois de o seu partido, Movimento pelo Socialismo (MAS), ter recuperado o poder.

Luis Arce, o antigo ministro da Economia de Morales, já tomou posse como novo líder do país, depois de vencer as eleições gerais, no mês passado, com uma maioria de votos (55,1%).

No momento de saída, o ex-Presidente contou com a presença do Presidente argentino, Alberto Fernández, que se despediu dele antes da passagem para a Bolívia, onde avançará em caravana até chegar a Chimoré, na quarta-feira, passando por três departamentos (estados) bolivianos: Potosí, Oruro e Cochabamba.

Parte de mim fica na Argentina. Quero agradecer ao irmão Presidente Alberto Fernández, que nunca me abandonou desde o primeiro momento”, disse Morales, emocionado, citado pelo semanário Expresso.

O antigo chefe de Estado também incluiu nos agradecimentos o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que o acolheu depois da renúncia à Presidência.

Morales cruzou a fronteira com a Argentina na cidade boliviana de Villazón, onde uma larga receção o aguardava, tendo pela frente uma travessia de quase 1100 quilómetros, com atos políticos pelo meio, conta o mesmo jornal.

Morales regressa acompanhado de Álvaro García Linera, que foi seu vice-presidente durante os seus quase 14 anos no poder, e de vários ex-ministros do seu Governo.

“Hoje é um dia importante na minha vida. Regressar à minha pátria que tanto amo enche-me de alegria”, escreveu na sua conta do Twitter, na qual foi também publicando várias fotografias que mostram as multidões por onde passava.

Chimoré foi o local de onde Morales partiu em exílio, a 11 de novembro do ano passado, após anunciar na véspera que renunciava à Presidência da Bolívia, tendo sido forçado, na sua versão, por um golpe de Estado, no meio de enormes pressões militares e policiais.

O ex-Presidente tinha sido declarado vencedor das eleições de outubro de 2019, para um quarto mandato consecutivo, mas os resultados foram posteriormente anulados, no meio de denúncias de fraude, que sempre negou.

Além disso, a justiça boliviana retirou há dias um mandado de prisão contra si, num dos processos judiciais iniciados a pedido do anterior Governo provisório de Jeanine Áñez, embora vários processos ainda estejam em aberto.

Na quarta-feira, quando chegar a Chimoré, onde iniciou a sua carreira política, vai continuar a ser presidente das chamadas Seis Federações de cocaleiros (produtores de folha de coca), uma das principais fontes de receita da região.

De acordo com o Expresso, Morales já prometeu que não vai interferir no Governo de Arce e que se dedicará ainda à agricultura e à piscicultura.

“Posso partilhar a minha experiência com Luis Arce e vou apoiá-lo com os movimentos sociais para defender o nosso processo de mudança, como ex-autoridade ou militante, mas não serei parte do Governo. Vou também partilhar a minha experiência de luta sindical e gestão pública com os jovens e formar novos líderes”, afirmou.

Mas, segundo o jornal, são poucas as pessoas que acreditam nesta promessa. A 23 de outubro, Morales reuniu-se com o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas. Muitos viram nesse encontro o indício de que não ficará afastado das decisões do Executivo.

ZAP // Lusa

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