Um novo estudo sugere que o facto de haver pensamentos negativos que teimam em não desaparecer da nossa cabeça pode ser explicado por estes ainda existirem noutra parte do nosso cérebro.
De acordo com o site Science Alert, a equipa de cientistas mapeou a atividade cerebral de 15 pessoas enquanto estas tentavam suprimir quaisquer pensamentos ou imagens de uma maçã vermelha ou de brócolos verdes.
O desafio era evitar pensar no alimento durante meros 12 segundos, depois de ter sido pedido aos participantes que olhassem para ele – e não substituí-lo por outra imagem – apenas para manter a sua mente limpa.
Oito pessoas relataram ter suprimido com sucesso quaisquer pensamentos ou imagens da fruta ou do legume referidos, mas as suas imagens cerebrais sugeriram o contrário.
Os investigadores recorreram à imagem por ressonância magnética para medir a sua atividade cerebral, que deteta mudanças no fluxo sanguíneo. De seguida, um algoritmo ajustado para detetar a diferença nos padrões de atividade cerebral correspondente a pensamentos sobre frutas ou vegetais foi usado para analisar os dados.
As imagens mostraram que o pensamento voluntário sobre os dois ingredientes ativou o lado esquerdo do cérebro dos participantes, e o lado direito disparou quando tentaram suprimir tais pensamentos.
“Fomos capazes de encontrar a representação visual do pensamento – mesmo quando os participantes acreditaram que tinham conseguido afastar a imagem das suas mentes”, disse Joel Pearson, neurocientista cognitivo da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.
“O córtex visual – a parte do cérebro responsável pelas imagens mentais – parecia estar a produzir pensamentos sem estarem conscientes disso. Isto sugere que as imagens mentais podem formar-se mesmo quando estamos a tentar impedi-las”, acrescentou.
Especificamente, representações semelhantes a imagens visuais dos seus pensamentos alimentares persistiram no córtex occipital lateral, a parte do cérebro que reconhece os objetos.
“Estes resultados sugerem que o conteúdo dos pensamentos reprimidos existe oculto da consciência, aparentemente sem o conhecimento do indivíduo, dando uma razão convincente pela qual a supressão de pensamentos é tão ineficaz“, concluíram os investigadores no estudo publicado, em agosto, na revista científica Journal of Cognitive Neuroscience.