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Vendas tardam em recuperar. Empresas pouco preparadas para mudanças

José Sena Goulão / Lusa

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças

Um estudo do Banco de Portugal (BdP), publicado na quarta-feira, revelou que as empresas enfrentam um “cenário de recuperação muito gradual” do volume de negócios para níveis anteriores à pandemia e poucas estão preparadas para mudanças, como alterações do mercado-alvo.

Segundo noticiou esta quinta-feira o Diário de Notícias, o estudo, com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do BdP, em setembro, 65% das empresas reportam quebras de faturação, chegando aos 88% no caso do alojamento e restauração. As vendas mantiveram-se em média 17% abaixo do nível anterior ao confinamento.

“Este cenário de recuperação muito gradual deverá manter-se nos meses seguintes”, sendo “as empresas de grande dimensão e dos setores do alojamento e restauração e dos transportes e armazenagem (…) as que sobressaem nesta situação, antecipando períodos mais longos de retorno à normalidade”, indicaram os autores do estudo, Cristina Manteu, Nuno Monteiro e Ana Sequeira.

Poucas são as empresas que parecem encontrar soluções para contrair essas quebras. De acordo com o estudo, em junho, apenas 16% das empresas visavam redirecionar a atividade para novos mercados-alvo, apostando no teletrabalho, em investimento em tecnologias de informação, em mudanças de fornecedores, de produtos e serviços prestados, de atividade principal.

A incapacidade de as empresas se adaptarem reflete “a natureza global desta crise, verificando-se uma deterioração da atividade generalizada aos vários mercados e, por outro, a elevada incerteza quanto aos desenvolvimentos futuros da pandemia, o que dificulta a tomada de decisões no presente”, acrescentaram as autores.

“O impacto sobre o emprego foi relativamente contido, com três quartos das empresas a reportar variações nulas no número de postos de trabalho entre março e julho, para o que contribuiu de forma assinalável a medida do lay-off simplificado”, disseram os especialistas.

Quanto as moratórias, “as empresas que beneficiaram destes apoios apresentavam uma situação relativamente mais adversa, quer em termos de encerramento e quedas do volume de negócios no período analisado quer em termos de condições de liquidez reportadas em abril”, referiram.

“Em julho, a situação de liquidez da generalidade das empresas tinha melhorado significativamente – o que é consistente com a evolução da atividade -, mas essa melhoria foi mais notória nas empresas beneficiárias”, defenderam.

Mais de metade do apoio às microempresas já foi usada

Como apontou esta quinta-feira o ECO, a Linha de Apoio a Microempresas do Turismo já aprovou 6.337 operações, que vão receber um financiamento de 50 milhões de euros, o que significa que mais de metade da dotação da linha já foi utilizada (55%), segundo um balanço feito pelo Ministério da Economia.

“A Linha de Apoio a Microempresas do Turismo, abrangendo, nomeadamente, as atividades de alojamento turístico, de restauração e bebidas, da animação turística, das agências de viagens e da organização de eventos passou a ter uma dotação orçamental de 90 milhões de euros”, indicou ao jonrla fonte oficial do Ministério da Economia.

Gerida pelo Turismo de Portugal, a linha foi lançada em março, com uma dotação inicial de 60 milhões de euros, reforçada para 90 milhões no final de agosto.

As 6.337 operações já aprovadas são levadas a cabo por empresas ou empresários em nome individual, com menos de dez postos de trabalho e cujo volume de negócios anual não exceda os dois milhões de euros.

O último balanço dava conta de mais de 5.000 empresas que tinham recebido luz verde para obter este apoio, com um financiamento associado de cerca de 40 milhões de euros, no espaço de pouco mais de dois meses.

ZAP //

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