Um raro tipo sanguíneo, encontrado apenas em algumas partes da África Oriental, parece proporcionar uma resistência natural à malária. Cientistas pensam ter descoberto como é isto possível.
Em 2017, depois de terem analisado milhares de genomas no Quénia, cientistas descobriram o tipo sanguíneo Dantu, uma peculiaridade genética relacionada com as células do sangue humano que parece proporcionar uma resistência natural à malária, conta o site Science Alert.
Na cidade costeira de Kilifi, uma única cópia deste gene conferiu até 40% de proteção contra todas as formas de malária grave. E quando os indivíduos herdaram duas cópias, uma de cada progenitor, essa resistência chegou a 74%.
Agora, ao analisar amostras sanguíneas de 42 crianças saudáveis desta cidade, uma equipa de investigadores decidiu testar como os glóbulos vermelhos Dantu respondem ao Plasmodium falciparum, a forma mais mortal de malária.
Segundo o mesmo site, um time-lapse microscópico revelou que estes glóbulos vermelhos impedem a entrada deste parasita ao criar uma membrana celular mais estreita – uma defesa até então desconhecida.
Embora ainda não haja certezas sobre o que causa esta membrana, os cientistas, cujo estudo foi publicado, a 16 de setembro, na revista científica Nature, acreditam que, ao alterar a expressão de certas proteínas da membrana, a variante do gene Dantu estica a célula como um tambor, interrompendo a infeção e nova proliferação no sangue.
A equipa encontrou mais parasitas emaranhados nos glóbulos vermelhos com tensões superficiais mais baixas. Isto pode explicar porque é que o P. falciparum tende a preferir glóbulos vermelhos mais jovens, que, no geral, apresentam tensão mais baixa.
Mesmo entre crianças com zero cópias do gene Dantu, os investigadores descobriram que a tensão da membrana teve um efeito na infeção por malária.
Se os cientistas descobrirem como é que este gene impacta, exatamente, a tensão da membrana, poderão ser capazes de desenvolver uma vacina que forneça muito mais proteção contra este parasita mortal.