A redução do tráfego durante o período de quarentena, e a construção de novas ciclovias na cidade, trouxeram a esperança de uma nova realidade nas estradas de Berlim. Ainda assim, a cidade apresenta uma subida no número de acidentes com bicicletas.
Apesar de haver menos veículos na estrada e de as novas ciclovias terem mais proteção, estas medidas ainda não tornaram as ruas de Berlim mais seguras para os ciclistas. A capital alemã regista um aumento recorde de acidentes em ciclovias, comparativamente com o ano passado. Em 2020 ocorreram 14 acidentes graves, mais do dobro do ano passado, em que na mesma altura só havia o registo de 6 casos.
As autoridades locais aproveitaram a quarentena para construir mais de 22 quilómetros de ciclovias suspensas, de modo a separar os ciclistas dos carros. A esta iniciativa da cidade seguiram-se outras medias para melhorar a mobilidade ma cidade, tal como o fecho temporário de estradas para carros.
Contudo, Siegfried Brockmann, investigador de acidentes da Associação Alemã de Seguros, acredita que durante o desconfinamento houve uma redução drástica dos números de passageiros nos transportes públicos. Porém, o número de carros nas estradas da cidade voltou aos níveis normais ou até mais elevados.
Segundo o The Guardian, o melhoramento das ciclovias teve falhas. Ficaram por analisar as áreas onde é mais provável ocorrerem acidentes. Contudo, para Brockmann esta tarefa não é fácil. “Dois terços dos acidentes ocorrem em cruzamentos ou curvas. Até agora as autoridades não arranjaram soluções para reduzir o risco”.
Regine Günther, senadora do Departamento de Transportes de Berlim, revelou ao jornal Der Tagesspiegel que o governo prioriza este assunto, mas admitiu que a reforma do sistema de tráfego de Berlim poderá ser um trabalho lento, uma vez que “a infraestrutura segura precisa de tempo”.
Ragnhild Sørensen, membro do grupo Changing Cities – com sede em Berlim – apela ao governo nacional e local, para que sejam implementadas regras mais apertadas para os condutores. “Os ciclistas estão a cair como moscas, é preciso olhar para este problema com o mesmo rigor que se olha para o crime organizado”, afirma Sørensen.
Por cá a lei permite-lhes andar a par e divertirem-se frente aos carros, até parece por vez uma disputa entre touro e toureiro, o risco é enorme e alguns certamente irão pagar caro a ousadia.