Uma equipa de cientistas do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, nos Estados Unidos, e do Instituto Sul-coreano de Astronomia e Ciência Espacial acaba de descartar uma das principais teorias sobre a origem do enigmático Oumuamua, o primeiro objeto interestelar.
Num novo estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica especializada The Astrophysical Journal Letters, os cientistas norte-americanos e sul-coreanos descartam a ideia de que o estranho objeto interestelar, em forma de charuto e com aceleração gravitacional, possa ser um icebergue de hidrogénio molecular, hipótese levantada por dois cientistas norte-americanos recentemente.
Segundo os norte-americanos, a aceleração do Oumuamua poderia ser explicada pela evaporação do oxigénio da sua superfície devido ao aquecimento causado pela luz solar.
A hipótese parecia representar um grande avanço na compreensão da origem deste objeto, mas um comunicado publicado na passada segunda-feira pelo centro de astrofísica norte-americano Harvard-Smithsonian “desmonta” a teoria.
O novo estudo descarta a hipótese apresentada pela investigação anterior, sustentando que um icebergue de hidrogénio não poderia ter sobrevivido a uma viagem tão longa, provavelmente de “centenas de milhões de anos”, para chegar desde o Espaço interestelar até ao Sistema Solar – evaporaria “muito rápido”.
A explicação do icebergue de hidrogénio tem um problema básico: os comentas formam-se quando grãos gelados de poeira colidem uns com os outros no Espaço e formam aglomerados, atraindo depois estes aglomerados mais poeiras e ouros aglomerados.
Na prática, os cometas são como os bonecos de neve: sobrevivem apenas enquanto não derretem, exemplifica o portal Live Science.
De acordo com os cientistas, mesmo a luz das estrelas nas partes mais frias do Espaço aqueceria pequenos pedaços de hidrogénio no estado sólidos antes que estes se conseguissem agrupar num cometa de grande escala como o Oumuamua.
“Este objeto é misterioso e difícil de entender porque tem propriedades peculiares que nunca vimos em cometas e asteróides do nosso Sistema Solar”, disse o autor principal do estudo, Thiem Hoang, do instituto sul-coreano.
O novo estudo descarta uma das hipóteses mais fortes já apresentadas para compreender a génese deste corpo celeste, deixando aberta a porta para outras teorias, incluindo as que sustentam que o corpo pode ser uma tecnologia alienígena – apesar de a maioria dos cientistas não colocar muitas esperanças numa resposta extraterrestre.
O Oumuamua (“mensageiro”) foi detetado em 2017 com um telescópio no Havai.