Apesar de ilegal e punida por lei, a prática de espiar remotamente os trabalhadores está a ganhar terreno em Portugal e aumentou exponencialmente com a massificação do teletrabalho.
De acordo com a edição deste sábado do semanário Expresso, TimeDoctor, Hubstaff, Timing, ManicTime, ActivTrak, Teramind, WorkExaminer, Sapience, OccupEye, Softwatch, Toggl ou Harvest são alguns dos programas usados pelos empregadores para vigiarem remotamente e controlar as ações online dos trabalhadores.
Desde março, deram entrada mais de 100 denúncias e pedidos de esclarecimento na CGTP e na Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), entidades que consideram que esta prática está a ganhar terreno em Portugal.
Muitos trabalhadores não sabem sequer que estão a ser vigiados, mas as empresas que fornecem este tipo de software confirmam a existência de um número crescente de clientes portugueses nas suas bases de dados.
O recurso a meios tecnológicos ocultos de vigilância remota é ilegal e punido por lei, tanto em Portugal como na generalidade dos países europeus. Ainda assim, adianta o semanário, são inúmeros e de fácil acesso os programas disponíveis no mercado para o efeito.
A pandemia de covid-19 veio agravar este panorama. Segundo dados da plataforma Top10 VPN, consultados pelo Expresso, o pedido de novas licenças para utilização dos principais programas da monitorização remota de trabalhadores aumentou mais de 60% desde o início da pandemia.
Teresa Coelho Moreira, professora da Faculdade de Direito da Universidade do Minho e especialista em privacidade e proteção de dados, explicou ao matutino que, a partir destes programas, um empregador “tem uma capacidade de controlo quase ilimitada sobre as ações do trabalhador”.
Isabel Cruz, secretária-geral da CNPD, considera que o teletrabalho aumentou o recurso às mais diversas formas de vigilância de trabalhadores. “Há casos de empresas que exigiram aos trabalhadores instalar também estes programas no seu computador pessoal”, contou.
A responsável acredita que o teletrabalho vai ampliar o problema e diz-se sobretudo preocupada pelo número de casos que permanecem ocultos. “Grande parte destes trabalhadores não sabe que está a ser vigiada.”
E as cameras de segurança que não servem para segurança mas sim para vigiar os trabalhadores e andar a persegui-los?
A telefonarem para o telefone pessoal a pressionar por segundos de atraso?
Quem é que acompanha isto para investigar os constantes abusos dos patrões que facilmente se esquecem quando se chega mais cedo ou se sai mais tarde?
Mas se é ilegal, porque razão é que permitem que estas empresas vendam este software?
DNS e VPN… fica resolvido.