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Portugal só tem 4 fiscais da ferrovia (e cada um tem de inspecionar 811 quilómetros)

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Miguel A. Lopes / Lusa

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) tem apenas quatro técnicos afetos à fiscalização do setor. O organismo está a pedir o reforço destes profissionais desde 2014.

De acordo com a edição desta quarta-feira do Correio da Manhã, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que tem delegadas as funções de Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária, tem apenas quatro técnicos responsáveis pela fiscalização do setor.

Acontece que a rede ferroviária tem 3.244 quilómetros de extensão e 4.441 composições e cada fiscal é responsável por 811 quilómetros e 1.100 comboios. Além da supervisão de todas as linhas e empresas, os quatro técnicos têm ainda responsabilidades sobre metropolitanos, minicomboios, elétricos, funiculares, teleféricos e telesquis.

O diário adianta que a falta de fiscalizadores da ferrovia está identificada em, pelo menos, dois relatórios. Um documento de 2019 refere que, “em 2018, não foi possível realizar qualquer auditoria” aos sistemas de gestão e segurança das empresas ferroviárias, incluindo a CP – Comboios de Portugal e a Fertagus.

O IMT está a pedir um reforço dos recursos humanos, pelo menos, desde 2014. Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes durante o Governo de Passos Coelho, autorizou a contratação de 100 profissionais, mas o despacho foi anulado por Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas do Governo seguinte.

Esta terça-feira, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito ao descarrilamento do comboio Alfa Pendular, em Soure, que na sexta-feira fez dois mortos e quatro dezenas de feridos. Peritos no setor apontam, como consequência do acidente, a falta de supervisão e que este poderia ter sido evitado.

ZAP //

3 Comments

  1. Se gastassem menos com os ordenados e prémios (pela incompetência?) dos administradores e afins, poderiam ter um quadro de pessoal mais adequado com as reais necessidades funcionais.

  2. Um sistema corrupto na sua essência não quer fiscalização. Eis mais um exemplo.

    Leis há muitas mas quem as aplica ou vigia a sua aplicação?

    Mais contradições…

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