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Lagartos com mais do que uma cauda são mais comuns do que se pensava

São vários os testemunhos, um pouco por todo o mundo, de pessoas que já viram lagartos com várias caudas, sendo que alguns já aconteceram até há várias centenas de anos. Porém, são casos tão isolados e dispersos que se torna difícil perceber quão habitual é esta característica.

Agora, pela primeira vez, escreve o site Live Science, uma equipa de cientistas compilou todos estes registos, com casos em que os animais tinham duas, três ou mais caudas. Para isso, os investigadores vasculharam centenas de testemunhos referentes a mais de 175 espécies, abrangendo mais de 400 anos.

Tal como explica o estudo publicado, em junho, na revista científica Biological Reviews, muitas espécies de lagartos podem perder parte ou toda a sua cauda quando um predador ataca. Neste processo, chamado autotomia, a parte separada distrai o predador e pode fazer com que o lagarto consiga escapar.

É então que recomeça o processo de renovação da cauda. De acordo com os cientistas, por vezes, o lagarto adquire mais do que uma nova cauda, podendo ser ambas de comprimento igual, aquilo a que se chama “caudas gémeas”.

Mas também há outros resultados mais bizarros, com várias “ramificações” da cauda pequena a emergir do local original. Em 2015, por exemplo, um estudo publicado na revista científica Ecologica Montenegrina, descreveu o caso em que um lagarto Algyroides nigropunctatus, no Kosovo, cresceu com três novas caudas depois de perder a original.

Outro caso extremo aconteceu no mesmo ano, na Argentina, com um lagarto Salvator merianae, que ficou com seis caudas depois de a original ter sofrido uma lesão. O caso foi partilhado na revista científica Cuadernos de Herpetología.

De acordo com o Live Science, quando os autores do novo estudo avaliaram todas estas descrições e avistamentos – 425 no total, referentes a 63 países –, descobriram que este fenómeno não é assim tão raro. Com base no número de casos, os cientistas estimam que até 3% dos lagartos de todo o mundo têm, provavelmente, caudas extra.

“Este é um número surpreendentemente alto, e realmente começa a fazer-nos pensar sobre os impactos ecológicos que isto pode ter, especialmente tendo em conta que, para o lagarto, uma cauda extra representa um aumento considerável na sua massa corporal”, disse o autor principal do estudo, James Barr, da Universidade Curtin, na Austrália.

ZAP //

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