Conhecendo melhor a dieta dos pinguins, os cientistas ficam capacitados com mais ferramentas para salvar vida marinha. Uma equipa de investigadores fez grandes progressos nesse sentido.
As águas do sudeste australiano são um hotspot das alterações climáticas, aquecendo quatro vezes mais do que a média. Compreender como preservar o alimento de pinguins-azuis (Eudyptula minor) nessas condições desafiadoras é essencial para a sua sobrevivência a longo prazo e pode beneficiar a saúde de todo o sistema marinho.
Um novo estudo publicado esta segunda-feira na revista científica Functional Ecology estabelece novas bases para a monitorização a longo prazo das redes alimentares no Estreito de Bass, o estreito marítimo que separa a Tasmânia do sul da Austrália.
Usando pinguins-azuis, um predador icónico, os cientistas desenvolveram um novo índice para determinar a disponibilidade de presas de pinguins. Os investigadores descobriram que os pinguins extraíram cerca de 1.300 toneladas de biomassa do seu ecossistema costeiro durante duas épocas de reprodução, incluindo 219 toneladas de sardinha.
“Como os ambientes marinhos são cada vez mais afetados pelas pressões humanas e pelas alterações climáticas, as redes alimentares marinhas estão a mudar”, disse a autora do estudo, Catherine Cavallo, em comunicado de imprensa citado pelo Scimex.
“Se os pinguins-azuis puderem manter a criação mudando a presa de acordo com a disponibilidade, eles podem ser mais resistentes a estas mudanças do que os predadores especializados”, acrescentou.
“O estudo oferece um índice único, porém robusto, de disponibilidade de presas para informar o futuro sustentável do fornecimento de alimentos para pinguins, o que ajudará na conservação e na gestão de recursos marinhos”, disse, por sua vez, o coautor da investigação André Chiaradia.
Analisando a dieta dos pinguins é uma boa maneira de monitorizar como é que a vida marinha é afetada pelas alterações climáticas, poluição e outras mudanças ambientais”, disse ainda o biólogo marinho.
O estudo procede uma investigação realizada no ano passado pela equipa, que descobriu que pinguins-azuis estavam a comer alforrecas e salpas – geralmente não considerados uma importante fonte de alimento para os pinguins. Este estudo descobriu que alforrecas e salpas compunham cerca de um quarto do ADN encontrado nas fezes dos pinguins.