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Douro. Poluição regressa a valores anteriores ao estado de emergência

DouroAzul/Facebook

Os valores de contaminação do estuário do rio Douro, que durante o estado de emergência baixaram a níveis só vistos há mais de 30 anos, já regressaram aos valores pré-pandemia.

As boas notícias “rapidamente se esfumaram”. O hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá revelou ao Público que as águas do estuário do rio Douro já não são próprias para banhos, como chegou a acontecer em abril.

A contaminação fecal no rio voltou a ser um problema. No início de março, o professor universitário viu uma “melhoria forçada” da qualidade da água, fruto da diminuição da mobilidade nos municípios urbanos que drenam para o estuário – Porto, Gondomar e Vila Nova de Gaia – que provocou uma descida significativa na quantidade de esgoto produzido.

No entanto, a curva descendente mudou de sentido. “Com o fim do estado de emergência e a primeira fase do desconfinamento, os valores começaram a subir ligeiramente, o que aconteceu até à segunda fase; e a partir da terceira fase os valores dispararam, correspondendo ao aumento do fluxo de pessoas nos espaços urbanos”, referiu o especialista.

O investigador que se dedica há 35 anos ao estudo científico do Douro, faz recolhas semanais na margem direita do Douro em quatro locais – a ribeira da Granja, o rio Tinto, a ribeira de Gramido e um ponto entre as pontes do Infante e de D. Maria Pia.

Bordalo e Sá referiu que é possível uma mudança ecológica no Douro. No entanto, para tal será necessário um “esforço coletivo intermunicipal para retirar definitivamente das linhas de água o esgoto que ainda chega a essas linhas, canalizando-o para as ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais]”.

Segundo o investigador, há “exemplos positivos” de cooperação, como a parceria entre os municípios de Gondomar e do Porto no processo de despoluição do rio Tinto, “um esforço que tem de ter continuidade, porque o rio Tinto melhorou, mas está ainda longe de estar despoluído”.

Atualmente, nas oito ETAR que drenam para o estuário do Douro, verifica-se uma “carga adicional inadmissível”: além de fraldas, pensos higiénicos, preservativos, cotonetes e pedaços de roupa, estão a chegar quantidades significativas de “máscaras, luvas e toalhetes desinfectantes“.

ZAP //

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