Uma análise aos tweets sobre uma conspiração que relaciona o 5G com o surgimento da covid-19 mostra que 35% das publicações apoiavam a teoria e 32% a denunciavam, tornando involuntariamente o tópico numa tendência.
Segundo noticiou o PsyPost, uma teoria criada no início de janeiro de 2020, que relacionava o lançamento da rede móvel 5G ao surgimento da covid-19, começou a ganhar força nas redes sociais. A rede sem fio de quinta geração substitui a atual rede 4G e a teoria refere que essa nova tecnologia é responsável pela covid-19.
“A teoria da conspiração 5G e covid-19 tornou-se um tópico de tendência no Twitter e isso inicialmente despertou o nosso interesse pelo assunto”, explicou Wasim Ahmed, da Newcastle University Business School, autor do estudo publicado em maio no Journal of Medical Internet Research.
Apesar da falta de provas científicas, essa teoria da conspiração espalhou-se rapidamente nas redes sociais e teve sérias consequências, incluindo ameaças a funcionários de operadoras e ataques a antenas de telecomunicações.
Ahmed e a sua equipa queriam explorar de que forma a teoria circula nas redes sociais, se os utilizadores realmente acreditam na conspiração e quais ações podem ser tomadas pela saúde pública para impedir a sua propagação.
No estudo foram examinados os dados do Twitter que continham a palavra-chave “5Gcoronavirus” ou a ‘hashtag’ #5GCoronavirus, durante um período de sete dias – entre 27 de março de 2020 e 04 de abril de 2020 -, durante o tópico foi tendência no Reino Unido. A análise incluiu um total de 10.140 tweets de 6.556 utilizadores da rede social.
A análise aos utilizadores identificou dez contas consideradas mais influentes, com base no que os investigadores classificam como “centralidade entre as duas partes”, através da qual identificam utilizadores que possuem maior ou menor controle indireto sobre a partilha de informações.
A maioria desses utilizadores influentes eram cidadãos cujas contas mostravam tendência para partilhar teorias da conspiração. Ao quinto mais influente pertencia uma conta com o nome “5gcoronavirus19”, utilizada para espalhar a teoria, através da qual tinham sido publicados 303 tweets durante o período do estudo, antes de ser desativada pelo Twitter. A conta fazia parte de um “cluster” que incluía 408 outras contas.
Os investigadores analisaram igualmente uma amostra de 10% dos tweets sobre o coronavírus e o 5G. Verificou-se que 35% dos tweets apoiavam a teoria da conspiração, sugerindo que um número razoável de pessoas acredita na mesma. Em 33% dos tweets não havia qualquer opinião pessoal e 32% denunciavam-na ativamente.
Com base nos números recolhidos, os autores acreditam que as publicações contra a teoria estavam, mesmo sem querer, a acrescentar combustível à discussão e a tornar o tópico numa tendência. “Quando os utilizadores ingressaram na discussão para dissipar ou ridicularizar, o tópico foi elevado e teve maior visibilidade”, indicaram.
À PsyPost, Ahmed disse que espera que estes resultados mostrem “que uma das melhores maneiras de combater a desinformação da covid-19 no Twitter (ou noutras plataformas sociais) é denunciar o conteúdo ao invés de o partilhar e/ou se envolver com ele”.
A equipa sugere que as autoridades de saúde aconselhem o público a não se envolver com informações falsas, direcionando os utilizadores a denunciar esse tipo de publicação. Sugerem ainda que devem ser aumentados os esforços para encerrar as contas de propaganda, que espalham informações incorretas.
“O nosso foco estava numa única teoria da conspiração. O nosso trabalho futuro passa por examinar outras teorias da conspiração partilhadas em torno da covid-19”, referiu Ahmed.
Coronavírus / Covid-19
-
20 Outubro, 2024 Descobertas mais provas de que a COVID longa é uma lesão cerebral
-
6 Outubro, 2024 A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe