O presidente executivo do Novo Banco admitiu que a instituição vai precisar de mais capital do que o previsto para este ano, face ao impacto da covid-19, alterando assim a estimativa que já tinha entregado ao Fundo de Resolução.
“No início de cada ano fazemos sempre uma previsão e entregamos essa previsão ao Fundo de Resolução. Naturalmente, este ano, a diferença é entre a previsão que fizemos antes da covid-19 e a que faremos depois da covid-19“, afirmou António Ramalho, numa entrevista conjunta ao Jornal de Negócios e à Antena 1.
Assim, conforme apontou este responsável, a “deterioração da situação económica” antevê que o banco vá necessitar de “necessidades de capital ligeiramente suplementares” às que estavam estimadas.
No entanto, o presidente executivo do Novo Banco escusou-se a antecipar números, sublinhando que só no final do ano é que estes serão conhecidos. António Ramalho vincou que o objetivo é deixar “o banco totalmente limpo no final de 2020”, garantindo ainda que “gostaria de utilizar o menos necessário”.
De acordo com a rádio TSF, apesar deste pedido, agora público, ainda esta semana o Governo disse que o Orçamento Suplementar não prevê nenhuma verba para uma injeção adicional no Novo Banco este ano.
O jornal Público noticiou, este sábado, que, em 2015, um memorando confidencial do BNP Paribas em colaboração com o Banco de Portugal (BdP) concluiu que, à época, as contas do Novo Banco estavam bem provisionadas com uma carteira de crédito sustentada por garantias. Segundo a mesma publicação, o memorando antecipava que o banco atingiria 180 milhões de euros de lucro em 2019.
Novo Banco já recebeu 2978 milhões de euros
O dinheiro recebido pelo Novo Banco para se recapitalizar totaliza 2978 milhões de euros desde 2017, depois de, a 8 de maio, o Governo ter confirmado que foi realizada uma nova injeção de capital pelo Fundo de Resolução bancário.
O montante transferido, na semana em causa, para o Novo Banco pelo Fundo de Resolução foi realizado ao abrigo do mecanismo acordado na venda do Novo Banco à Lone Star (em 2017), pelo qual o Fundo de Resolução compensa o banco por perdas em ativos com que ficou na resolução do BES.
Contudo, uma vez que o Fundo de Resolução não tem o dinheiro necessário às injeções de capital no Novo Banco, todos os anos pede dinheiro ao Estado, indo devolver o empréstimo ao longo de 30 anos.
Desta vez, dos 1037 milhões de euros que o Fundo de Resolução pôs no Novo Banco, 850 milhões de euros vieram diretamente do Estado. Também em 2018, dos 1149 milhões de euros postos no Novo Banco, 850 milhões de euros vieram de um empréstimo do Tesouro. Já referente a 2017, dos 792 milhões de euros injetados, 430 milhões de euros vieram de um empréstimo público.
No total, o Novo Banco já recebeu 2978 milhões de euros do Fundo de Resolução para se recapitalizar, dos quais 2130 milhões de euros foram de empréstimos do Tesouro.
O Novo Banco registou prejuízos de 1058,8 milhões de euros em 2019, uma diminuição face aos 1412,6 milhões de euros verificados em 2018. Já no primeiro trimestre de 2020, a instituição financeira totalizou um prejuízo de 179,1 milhões de euros, valor que compara com um resultado líquido negativo de 93,1 milhões de euros registado em igual período do ano anterior.
Apesar dos prejuízos, isso não impediu os administradores da instituição de receberem prémios anuais de quase dois milhões de euros pelo seu desempenho em 2019. São bónus superiores aos pagos no BCP, no Santander Totta e no BPI, instituições que apresentaram melhores resultados financeiros.
ZAP // Lusa