Cerca de 3 mil marcharam em Lisboa pelos direitos da comunidade LGBT

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Cerca de três mil pessoas participaram este sábado, em Lisboa, na 15ª Marcha do Orgulho LGBT (Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero), com muita música, bandeiras e balões coloridos e palavras de ordem em defesa da igualdade de direitos.

Subordinado ao lema “Diversidade contra a Austeridade”, o desfile, que decorreu de forma festiva entre o Jardim do Príncipe Real e a Praça da Figueira, foi uma iniciativa de 13 associações, grupos informais e organizações não-governamentais que reúnem ativistas de diversas áreas dos direitos humanos, e contou com a presença de representantes de alguns partidos políticos, como Cecília Honório, do Bloco de Esquerda (BE), e Isabel Moreira, do PS.

Em declarações à Lusa, David Pinto, porta-voz da comissão da Marcha do Orgulho LGBT deste ano, sublinhou que “esta marcha acontece todos os anos para reivindicar os direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgénero em Portugal”.

“Para mostrar que existimos, que somos pessoas visíveis e que não vamos ficar passivos enquanto as pessoas não respeitarem os direitos que também são nossos, vamos lutar pela justiça, pela liberdade, pela igualdade – pela diversidade, essencialmente”, defendeu.

Além dos balões e bandeiras que coloriam a manifestação, havia também faixas e cartazes, onde se lia “Somos Pessoas Trans e temos direito a todos os direitos” e “Jesus também teve dois pais”, uma carrinha de caixa aberta com um travesti a animar as hostes e um DJ que passava êxitos como “Dancing Queen”, dos ABBA, ou “Girls Just Wanna Have Fun”, de Cindy Lauper, enquanto os participantes dançavam e marcavam o compasso com batucada.

Mais à frente, ouviam-se palavras de ordem como “Nem menos, nem mais: Direitos iguais!”, “Seja homem ou mulher, eu amo quem quiser!” e “Assim se vê a força LGBT”.

A associação Happier Teens, criada em setembro do ano passado para acolher jovens expulsos pelos pais devido à sua orientação sexual, participou pela primeira vez nesta marcha, tendo convidado para a representar o ator Ângelo Rodrigues, que desempenha o papel de um homossexual numa telenovela em exibição neste momento.

O ator explicou que a associação “atua junto do público LGBT, alojando pessoas que são vítimas dos próprios pais e que, como não têm a quem recorrer, contactam a Happier Teens, no sentido de procurar alojamento e terem um acompanhamento pessoal e psicológico até haver uma possível reintegração”.

Margarida Faria, da AMPLOS (Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual), representa os outros pais, aqueles que aceitam os filhos LGBT, e descreveu esta marcha como “uma festa”.

“É a festa da visibilidade, é importante que as pessoas apareçam e se mostrem, porque a sociedade quer que as pessoas se escondam e quer imprimir um cariz de vergonha e de invisibilidade e, portanto, é muito importante nós virmos aqui mostrar que estamos bem com a situação dos nossos filhos e festejar com as outras organizações uma luta que é uma luta do ano inteiro, de vários anos”, frisou.

Cecília Honório, deputada do BE, disse à Lusa que esta é, para o seu partido “uma luta de sempre, que é para continuar”.

“Esta é uma grande manifestação da Diversidade contra a Austeridade e é uma grande manifestação de todas as vozes dessa diversidade contra os silêncios que fazem legitimar tantas e tantas formas de discriminação contra a população LGBT”, sustentou.

A deputada recordou que, recentemente, “uma maioria parlamentar votou contra a legitimação dos direitos das crianças de casais constituídos por pessoas do mesmo sexo” e frisou que “o direito à adoção por casais homossexuais continua na ordem do dia”.

“Nós vamos continuar esta luta, vamos voltar a apresentar esta iniciativa legislativa, não vamos desistir, porque o Bloco de Esquerda esteve desde sempre empenhado em direitos iguais de todas as pessoas – e por isso estamos cá hoje”, asseverou.

Inquirido pela Lusa, Duarte, que não era participante e apenas “ia a passar” e parou para assistir à passagem do animado cortejo, classificou a 15ª Marcha do Orgulho LGBT como “uma manifestação como outra qualquer”.

“Todos têm direito à manifestação”, concluiu.

/Lusa

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