Pela primeira vez em 30 anos, tanto Hong Kong como Macau não vão ter vigílias em homenagem às vítimas do massacre de Tiananmen.
A Polícia de Hong Kong proibiu a vigília em memória do massacre de Tiananmen, agendada para esta quarta-feira, considerando que violaria as medidas de prevenção da covid-19.
Numa carta de objeção enviada ao organizador do evento e ao vice-presidente da Aliança de Hong Kong para Apoio aos Movimentos Democráticos Patrióticos da China, Richard Tsoi, as autoridades alegam a impossibilidade de a vigília de cumprir as medidas de distanciamento social.
O Governo já tinha estendido as restrições até ao dia de hoje, 4 de junho, precisamente quando é assinalada a data, proibindo a concentração de pessoas.
Apesar desta proibição, os organizadores da vigília apelam aos habitantes de Hong Kong para acenderem velas na cidade e manterem a distância de segurança. Também garantem que vão ao Victoria Park fazer um minuto de silêncio em memória do massacre, um acontecimento que até hoje Pequim continua sem reconhecer.
Macau também proibiu vigília
Em Macau, a vigília também foi proibida e as autoridades alegaram as mesmas razões que o vizinho: prevenção da covid-19, apesar de o território não registar casos há cerca de dois meses.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) avisou que não vai tolerar atividades que violem a proibição de reuniões públicas instaurada para combater a pandemia, recordando as sanções aplicáveis.
No final de maio, o Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau rejeitou um recurso que contestava a decisão da polícia de proibir uma vigília para assinalar a data.
Na semana passada, a Amnistia Internacional, em resposta enviada à agência Lusa, considerou “alarmante que o Governo de Macau tenha proibido pela primeira vez a vigília anual do aniversário de Tiananmen”.
A organização não-governamental (ONG), numa resposta assinada pelo vice-diretor regional para a região do Sudeste Asiático, sublinhou que a “polícia alegou preocupações com a saúde por causa da covid-19, apesar de não haver novos casos“.
“O vírus não deve ser usado como desculpa para conter a liberdade de expressão e reunião”, denunciou.
Já a Human Rights Watch (HRW) acusou a China de, com estas decisões, “continuar a esconder-se atrás da covid-19 para conseguir a repressão pública”, em especial “em Hong Kong”.
O vice-diretor da HRW para a Ásia, Phil Robertson, afirmou à Lusa que “esta é uma forma de tentar travar os protestos” pró-democracia na antiga colónia britânica, pensando que o atual momento de combate à pandemia pode atenuar as reações da comunidade internacional “aos abusos da China ao nível dos direitos humanos”.
ZAP // Lusa