Uma equipa de cientistas da Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, desenvolveu um novo implante cerebral que permite que os cegos “vejam” a forma das letras, sem usar os olhos.
Segundo o Science Alert, o dispositivo envia imagens captadas por uma câmara diretamente para o cérebro, através de elétrodos implantados.
“Quando usamos estimulação elétrica para traçar dinamicamente o contorno das letras diretamente no cérebro dos pacientes, eles foram capazes de ‘ver’ as formas e identificar corretamente diferentes letras”, explicou Daniel Yoshor, autor do artigo científico publicado recentemente na Cell.
De acordo com o investigador, os pacientes conseguiram “ver” pontos brilhantes ou linhas conectadas que formavam letras. Em vez de tratar cada elétrodo como um “pixel” para formar a imagem, a equipa “traçou o contorno” das letras.
“A nossa inspiração foi a ideia de traçar uma letra na palma da mão de alguém”, acrescentou o cientista Michael Beauchamp.
Em estudos anteriores, pacientes cegos já haviam conseguido visualizar pontos de luz. O desafio desta nova experiência passava por organizar esses pontos em formas geométricas identificáveis e letras.
Para fazê-lo, os cientistas usaram eletricidade para desenhar sobre a placa de elétrodos: a eletricidade passou pelos elétrodos até que um traçado fosse estabelecido na superfície do cérebro do participante. Enquanto recebiam o estímulo cerebral, os participantes reproduziam os desenhos com os dedos numa tela. Um dos participantes conseguiu uma taxa de acerto superior a 90%.
O dispositivo desenvolvido ainda se encontra dos estágios iniciais, uma vez que o cérebro é um órgão extremamente complexo e o número de elétrodos usado ainda é muito pequeno.
O córtex visual primário, a parte do cérebro que processa imagens e o local onde os elétrodos foram implantados, contém 500 milhões de neurónios. “Na nossa experiência estimulamos apenas uma pequena fração.”
O próximo passo da equipa é trabalhar com neuroengenheiros para desenvolver “conjuntos com milhares de elétrodos, para que possamos estimular o cérebro de forma mais precisa”.
“Com um novo hardware, os algoritmos de estímulo aprimorados vão ajudar-nos a realizar o sonho de entregar informação visual útil a deficientes visuais.”