Uma bactéria encontrada nas profundezas do oceano pode ter um metabolismo totalmente diferente de tudo aquilo que os cientistas já viram antes.
Segundo o site Science Alert, cientistas alemães afirmam que a Acetobacterium woodii, que também vive no intestino das térmitas, pode não só criar como também usar hidrogénio e dióxido de carbono para produzir energia, mesmo sem necessitar de oxigénio.
“Já houve especulações de que muitas formas de vida antigas possuíam o tipo de metabolismo que estamos a descrever agora com a A. woodii. (…) Mas a nossa investigação fornece a primeira evidência de que esse metabolismo realmente existe”, declara o microbiólogo Volker Müller, da Universidade de Frankfurt.
As fontes hidrotermais foram descobertas no fim dos anos 70 e, desde então, os cientistas perceberam que estes habitats abrigam formas de vida complexas e dinâmicas.
O facto curioso é que o excesso de hidrogénio inibe o processo de fermentação e mesmo as fontes hidrotermais mais fracas facilmente excedem os níveis necessários para abrigar as bactérias fermentativas. Então, como é que estes micróbios existem?
Aparentemente, a resposta está no trabalho em equipa. Se uma bactéria que produz hidrogénio se une a outro microorganismo que o oxida, esta última pode manter boas condições ambientais para que a primeira viva e se reproduza.
Porém, a nova investigação sugere que a A. woodii é capaz de desempenhar os dois papéis, “combinando as características metabólicas de dois parceiros sintróficos numa célula bacteriana”, concluem os autores do artigo científico publicado na The ISME Journal.
“Dependendo das condições ambientais, a A. woodii pode desempenhar o papel de parceiro de fermentação ou parceiro de consumo de hidrogénio”, acrescentam.
Embora este metabolismo duplo possa existir noutras bactérias, o sistema é muito menos comum. A A. woodii tem um limiar de hidrogénio mais baixo e não consegue produzir tanta energia da conversão de CO2 em metano como os metanógenos.
De acordo com o mesmo site, isto significa que as bactérias acetogénicas ativas são provavelmente menos abundantes nestas fontes hidrotermais, e pode ser por isso que escaparam ao nosso conhecimento até agora.