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Hipopótamos de Pablo Escobar (também) estão a recuperar um mundo perdido

Ao levar os hipopótamos para o seu jardim zoológico privado, o narcotraficante colombiano, sem querer, fez a sua fazenda regressar ao Pleistoceno.

Não é novidade para ninguém que os hipopótamos de Pablo Escobar estão a fazer estragos nos ecossistemas aquáticos da Colômbia. No entanto, avança o jornal ABC, uma equipa de cientistas acredita que estes animais também podem trazer benefícios.

O estudo, publicado, esta segunda-feira, na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), defende que a introdução destes herbívoros não nativos pode restaurar características a um ecossistema que pode ter sido perdido por milhares de anos.

Segundo o jornal espanhol, os investigadores analisaram a dieta, o habitat e a morfologia de 427 herbívoros com mais de dez quilos, com 130 mil anos até aos dias de hoje.

“Enquanto descobrimos que alguns herbívoros introduzidos são combinações ecológicas perfeitas para os extintos, noutros casos as espécies introduzidas representam uma mistura de características observadas em espécies extintas”, explica John Rowan, da Universidade de Massachusetts, em Amherst, nos Estados Unidos, e co-autor do estudo, citado pela revista Newsweek.

“Por exemplo, os hipopótamos na América do Sul são semelhantes, na dieta e no tamanho corporal, às lamas gigantes extintas, enquanto um mamífero estranho extinto (Notoungulata) partilha com estes animais o tamanho grande e os habitats semiaquáticos. Por isso, embora os hipopótamos não substituam perfeitamente uma espécie extinta, restauram partes importantes da ecologia de várias espécies”, explica.

De acordo com o investigador, o estudo surgiu quando a equipa percebeu que os burros introduzidos no Parque Nacional do Vale da Morte não eram assim tão diferentes dos cavalos selvagens que andavam pela América do Norte há milhares de anos.

Embora estes “substitutos” de espécies extintas incluam alguns animais evolutivamente próximos, no geral, “não estão necessariamente relacionados entre si, mas são semelhantes em termos de como afetam os ecossistemas”, explica ainda Eric Lundgren, da Universidade Tecnológica de Sydney, e outro autor do estudo.

Surpreendentemente, estas introduções fazem com que o mundo seja mais semelhante àquele que existia quando era dominado por herbívoros gigantes. Isto ocorre, sobretudo, porque 64% dessas espécies invasoras são mais semelhantes às extintas do que as nativas.

Conclusão: Ao levar estes hipopótamos para o seu jardim zoológico privado, o narcotraficante colombiano, sem querer, fez a sua fazenda regressar ao Pleistoceno.

ZAP //

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