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“A democracia de quarentena”. Eleições municipais em França marcadas por abstenção recorde

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Guillaume Horcajuelo / Lusa

A primeira volta das eleições municipais em França ficou marcada por uma abstenção recorde, devido à pandemia do novo coronavírus oriundo da China, que já causou 120 mortos no país.

A primeira volta terminou às 20:00 (uma hora antes em Lisboa), com uma abstenção entre 53,5% e 56%, segundo as estimativas dos institutos de sondagem, superior em 20% ao recorde anteriormente registado, em 2014 (36,45%).

Cerca de 47,7 milhões foram chamados a eleger os autarcas e conselheiros municipais, numa eleição mantida pelo Presidente, apesar do encerramento quase total do país.

Os primeiros resultados começaram já a ser conhecidos. O primeiro-ministro, Édouard Philippe, lidera com 43% a corrida a Havre (Oeste), enquanto em Lille, a metrópole do Norte, a socialista Martine Aubry lidera a contagem (30%). O ministro das Finanças Públicas, Gérald Darmanin, foi eleito à primeira volta em Tourcoing (Norte).

Cidades-chave para a manutenção do poder do partido A República em Marcha (LREM), partido que elegeu o Presidente e detém a maioria na Assembleia Nacional, como Paris ou Marselha, não têm um vencedor óbvio.

Pesa agora uma grande interrogação sobre a segunda volta, agendada para o próximo domingo, já que a epidemia de Covid-19 em França ainda vai no início, segundo todos os especialistas ouvidos pela agência francesa AFP.

“O vírus contaminou a democracia”

A imprensa francesa frisa nesta segunda-feira que a Covid-19 impactou as eleições autárquicas no país. “O vírus contaminou a democracia”, pode ler-se na imprensa francesa, citada pela TSF. “O cheiro de gel álcool ajudava, as mesas de voto pareciam salas de esperam à qual todos queria escapar rapidamente”, lê-se no editorial o La voix du nord.

A democracia de quarentena, mascaras nas cabines de voto, o 15 de março ficara na memória como um domingo obscuro na história eleitoral” descreve ainda o L”Humanité.

Os dados divulgados esta segunda-feira dão conta de 5.400 casos de infeção com coronavírus, dos quais 120 morreram. No sábado, o Governo francês ordenou o encerramento de todos os estabelecimentos “não essenciais”.

A partir desta segunda-feira, só poderão abrir lojas de alimentos, farmácias, postos de combustíveis, bancos, tabacarias e quiosques, disse, anunciando o encerramento de bares, restaurantes, discotecas, cinemas e outras lojas não essenciais.

“As primeiras medidas tomadas para limitar os ajuntamentos de pessoas não foram implementadas de modo perfeito”, o que levou a “uma aceleração na propagação do vírus”, assumiu Édouard Philippe.

O diretor-geral da Saúde, Jérôme Salomon, indicou que o país passou à Fase 3 (de 3) de propagação da epidemia, o que significa que o vírus está agora a circular em todo o território. O transporte público continuará disponível, mas o governante apelou aos cidadãos para limitarem as viagens, especialmente as viagens intermunicipais.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.000 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 160 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 139 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram. O epicentro da pandemia deslocou-se da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália.

ZAP // Lusa

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