Através de experiências com ratos, uma equipa de cientistas descobriu de que forma a restrição calórica impede os efeitos negativos do envelhecimento nas células.
Uma recente pesquisa em ratos demonstrou que uma dieta restrita em calorias impede os efeitos negativos do envelhecimento nas células. O artigo científico com as descobertas foi publicado na revista Cell.
Os efeitos positivos da restrição calórica são conhecidos há muito tempo e os seus efeitos na longevidade foram demonstrados em muitos animais experimentais, incluindo primatas. Neste novo estudo, as células individuais da maioria dos órgãos e tecidos dos ratos foram analisadas em diferentes momentos da sua vida e mediante vários regimes de ingestão calórica.
Os cientistas verificaram que as intervenções metabólicas, como a restrição calórica, reprogramam vários parâmetros celulares e moléculas que levam ao rejuvenescimento funcional.
As dietas dos animais foram controladas entre 18 a 27 meses e, tanto no início como no fim da dieta, a equipa isolou e analisou um total de 168.703 células de 40 tipos em 56 ratos, provenientes de tecidos gordurosos, fígado, rim, aorta, pele, medula óssea, cérebro e músculos.
Em cada célula isolada, através da tecnologia de sequenciamento genético unicelular, os cientistas mediram os níveis de atividade genética e compararam animais velhos e jovens em cada dieta. Depois dessas análises, chegaram à conclusão que muitas das alterações que ocorreram nos ratos que ingeriam uma dieta normal à medida que envelheciam, não ocorreram nos roedores com dieta restrita.
Em suma, 57% das alterações na composição dos tecidos dos ratos que seguiram uma dieta normal não foram observadas naqueles que ingeriram menos calorias, adianta o Hipertextual.
Algumas das células e genes mais afetados pela dieta estão relacionados à imunidade, inflamação e metabolismo lipídico. Para Juan Carlos Izpisúa, investigador que participou neste estudo, o trabalho mostra que o envelhecimento é um processo que pode ser modulado e que certas alterações celulares e moleculares que levam à aceleração podem ser alteradas, neste caso com restrição calórica.
“O maior fator de risco para qualquer doença é o envelhecimento. Desta forma, o desenvolvimento de estratégias para desacelerá-lo terá um impacto fundamental no tratamento de doenças”, concluiu.