A herdade de João Moura, onde foram encontrados 18 galgos com sinais de subnutrição, ficou para o BCP num processo de insolvência do cavaleiro, servindo para pagar dívidas que mantinha a esta instituição e a entidades como a Segurança Social e a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Estremoz.
Estes dados foram apurados pela revista Sábado que consultou a escritura da propriedade de João Moura localizada em Monforte, Portalegre.
O BCP terá pago 261 mil euros pela herdade. O valor serviu para cobrir a dívida do empréstimo que João Moura tinha na instituição e para cancelar penhoras sobre a propriedade devido a dívidas ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (28 mil euros em 2010 e 25 mil euros em 2011), ao BCP (199 mil euros), à Fazenda Nacional (82 mil euros em 2012 e 381 mil euros em 2014) e à Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Estremoz (5 mil euros em 2013), como aponta a mesma publicação.
Mas João Moura manterá ainda outras dívidas, nomeadamente ao Fisco que “continua a exigir-lhe milhares de euros”, segundo a Sábado.
Foi nesta herdade que a GNR encontrou 18 cães galgos, com sinais de subnutrição, que foram retirados ao cavaleiro. Um processo que não decorreu de nenhuma denúncia, mas que resultou de um “mero acaso”, conforme revelam fontes à Visão.
Foram militares do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR que realizavam uma acção de fiscalização florestal na zona onde se encontra a herdade que viram os animais. A GNR contactou, então, o Ministério Público de Portalegre para realizar buscas na propriedade.
Mas o Procurador de Portalegre “não delegou as investigações na GNR local e manteve-as sob seu estrito controlo, o que é interpretado por juristas como uma vontade do Ministério Público de tornar o processo contra o cavaleiro tauromáquico um caso exemplar“, salienta a Visão.
O cavaleiro arrisca uma pena de prisão até dois anos, já que um dos cães que lhe foi retirado acabou por morrer.
Também incorre no crime de abandono de animais de companhia que é punível com pena de prisão até seis meses.
A Visão acrescenta que João Moura também arrisca uma sanção pelo facto de vários dos galgos apreendidos não estarem registados em Portugal, tendo um chip de identificação espanhol.