Através de um algoritmo que identifica marcadores linguísticos de depressão e cognição suicida, investigadores norte-americanos que o escritor Edgar Allan Poe pode não ter cometido suicídio.
Nesta análise, investigadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos (EUA) e da Universidade de Lancaster, em Inglaterra, utilizaram o algoritmo para avaliar 309 cartas, 49 poemas e 63 contos escritos por Edgar Allan Poe, informou o Fast Company. O autor era conhecido pelas crises financeiras, consumo excessivo de álcool e depressão.
O autor morreu em 1849, aos 40 anos, depois de passar vários dias num aparente delírio. O seu contemporâneo e tradutor Charles Baudelaire especulou que a sua morte era “quase um suicídio, um suicídio preparado durante um longo tempo”.
“O meu palpite é que ele estava realmente a entrar em depressão, em direção ao fim de sua vida, mas não se matou”, indicou Ryan Boyd, psicólogo da Universidade de Lancaster e um dos autores da análise. Contudo, a equipa encontrou vários episódios depressivos prováveis no início da sua vida, incluindo um que ocorreu após a morte da sua esposa.
O algoritmo procurou por pistas de depressão, incluindo o uso frequente de palavras de emoções negativas (como ruim, triste, zangado), poucas palavras felizes (como boas, fantásticas) e poucos pronomes plurais (como nós, nossos, nós).
Pesquisas anteriores mostram que esses marcadores estão associados a suicídios e são encontrados com mais precisão em cartas casuais. Contudo, a maioria dessas pesquisas concentrou-se na escrita moderna, não na poesia da era vitoriana.
O estudo “Deep in the dark peering” foi publicado no Journal of Affective Disorders.