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Ministro brasileiro diz que baixa do dólar permitia empregadas irem à Disney

minaseenergia / Flickr

O ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes

Esta quarta-feira, o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, afirmou que o dólar mais barato permitia “empregadas domésticas irem à Disneyland, numa festa danada”, tendo sido duramente criticado por políticos após as suas declarações.

Segundo Paulo Guedes, uma taxa de câmbio mais alta é “boa para todo o mundo” e o dólar mais barato está a permitir que “toda a gente” possa ir para a Disneyland, inclusivamente “empregadas domésticas”.

“Não tem negócio de câmbio a 1,80 reais (0,38 cêntimos de euros). Vou exportar menos, em função das importações; no turismo, toda a gente a ir para a Disneyland. Empregada doméstica indo para a Disneyland, uma festa danada. Espera aí”, declarou o ministro da Economia, citado pela imprensa local, apelando a que a população brasileira faça turismo no Brasil.

“Vai antes passear ali em Foz do Iguaçu [sul do Brasil], vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praias bonitas. Vai passear no Brasil, que está cheio de coisa bonita para ver”, acrescentou o governante, num evento em Brasília, no dia em que o dólar fechou em alta, e bateu um novo recorde.

No corrente ano, a moeda norte-americana valorizou 8,50% em relação ao real brasileiro, tendo o dólar encerrado hoje em 4,35 reais (0,92 cêntimos), no seu quarto recorde consecutivo.

Em seguida, Paulo Guedes tentou minimizar as suas próprias declarações, afirmando que o que quis realmente dizer foi que com o “câmbio tão barato, até as classes sociais mais baixas” estavam a viajar para o estrangeiro. “Quis dar um exemplo, o que estou a dizer é que o câmbio estava tão barato que toda a gente ia para a Disney, até as classes sociais mais baixas. Todos têm de ir conhecer Walt Disney, mas não três ou quatro vezes ao ano.”

No entanto, apesar de Guedes ter tentado evitar a polémica, várias figuras políticas criticaram as duas declarações. “Atenção, empregada doméstica. Na lógica do ministro Paulo Guedes, era muito ruim você ter que viajar com a sua família várias vezes ao ano. Mas agora com o Governo de Bolsonaro é bom porque…você não viaja mais. Esse Governo te odeia, ok?”, escreveu a deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), no Twitter.

Já o ex-candidato às presidenciais brasileiras pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Fernando Haddad foi mais duro nas críticas, afirmando que Paulo Guedes “é um idiota” e que “terá de pedir desculpas mais uma vez”.

“O ódio e o desprezo que Paulo Guedes tem pelos brasileiros pobres é repugnante. Esse banqueiro parasita que fez fortuna fraudando fundos de pensão é a cara do Governo Bolsonaro”, escreveu também o deputado federal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Twitter.

Segundo dados oficiais, citados pelo jornal Estado de São Paulo, o Brasil tinha, no final do ano passado, 6,356 milhões de empregados domésticos, com um salário médio mensal de 897 reais (189,4 euros).

Na semana passada, Guedes voltou a causar polémica ao comparar funcionários públicos a “parasitas” que estão a “matar o hospedeiro”, numa referência ao Governo e às reformas administrativas que o executivo pretende implantar.

Na ocasião, e após a repercussão do discurso do governante, o Ministério da Economia lançou um comunicado afirmando que “reconhece a elevada qualidade do quadro de funcionários” públicos, e que a as declarações do ministro foram tiradas “do contexto pela imprensa, desviando o foco do que é realmente importante no momento”, que é “transformar o Estado brasileiro para prestar melhores serviços ao cidadão”.

ZAP // Lusa

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