Barros Luís e João Neves, antigos gestores da equipa de Tomás Correia no Montepio Geral, estão também sujeitos a coimas de 12,5 milhões de euros do Banco de Portugal.
Na semana passada, Tomás Correia, ex-presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, foi acusado de falsificação de contas pelo Banco de Portugal, num processo que lhe pode vale uma multa de 7,5 milhões de euros. O ex-banqueiro especulou com dívida pública e violou limites de investimento.
Todavia, Tomás Correia não é o único visado no processo e há outros dois ex-gestores que arriscam coimas de 12,5 milhões de euros e inibição de funções na banca.
O Montepio violou os limites de investimento em títulos de dívida pública durante o auge da crise financeira, altura em que era governado por Tomás Correia. Embora o limite de obrigações fosse de 1,5 mil milhões de euros, o banco contava com 3 mil milhões.
Além disso, o Montepio investiu cerca de 200 milhões de euros em títulos de dívida da PT Internacional e 75 milhões de euros em produtos derivados da mesma empresa, mais uma vez violando os limites de exposição e não informando o Banco de Portugal.
Na acusação são salientados atos de gestão “a título doloso” na divulgação de informação sobre a solidez do banco.
Barros Luís e João Neves são os outros dois gestores que compunham a equipa de Tomás Correia e que também são visados na acusação do Banco de Portugal. Os ex-responsáveis pelo risco e pela parte financeira e de contabilidade do banco, respetivamente, arriscam uma multa que pode chegar aos 12,5 milhões de euros, avança o ECO.
Os três ex-banqueiros podem ainda ser inibidos de funções em bancos por um período que, no máximo, pode ir até aos dez anos.
Barros Luís é acusado de “incumprimento do dever de manter um sistema de controlo interno adequado” e “incumprimento do dever de implementar e assegurar um sistema de controlo interna adequado de acompanhamento de riscos”.
“Desenvolverei todas as medidas ao meu alcance para apurar responsabilidades por quebras do dever de segredo e por difamações. Não tive nada a ver com temas da direção financeira e muito menos com questões de natureza contabilística, onde nunca tive também qualquer responsabilidade ao contrário do que já vi noticiado”, disse o ex-gestor ao ECO.
João Neves é acusado também de “incumprimento do dever consistência de políticas contabilísticas na contabilização de resultados por operações financeiras”.
Este, por sua vez, recusou-se “comentar quaisquer situações que se encontram protegidas por dever de segredo”. Contudo, salientou que o Banco de Portugal poderá contar com todo o seu empenho.