Mais de 4000 enfermeiros pediram à Ordem, em 2019, a declaração para efeitos de emigração, um número recorde e que representa três vezes mais do que o registado em 2017.
Em comunicado hoje divulgado, a Ordem dos Enfermeiros (OE) afirma que recebeu 4506 pedidos de certificado de equivalência para exercer no estrangeiro durante 2019. Em 2018, tinham sido pedidos 2736, o que representa um aumento de 64%, e no ano anterior apenas 1286.
Segundo o jornal Público, o valor mais alto, desde 2010, foi registado em 2014, em plena época de crise financeira, com 2850 pedidos de declaração para efeitos de emigração.
“Face aos dados do primeiro semestre de 2019, que contabilizou 2321 pedidos de declarações, a Ordem já tinha alertado para a possibilidade de 2019 vir a registar a maior vaga de emigração de sempre, o que acabou por se concretizar, e o ano fechou com números surpreendentes e além dos estimados”, refere a nota.
Trata-se, para a Ordem, de um “número preocupante” e que espelha o “estado da saúde em Portugal e em particular a forma como os profissionais são tratados”.
“No estrangeiro, os enfermeiros têm a formação e a especialidade pagas, têm, efetivamente, uma carreira com diferenciação salarial, mas, acima de tudo, são reconhecidos e acarinhados”, indica a bastonária Ana Rita Cavaco no comunicado.
Quanto a países de destino dos enfermeiros, o Reino Unido continua a surgir em primeiro lugar, seguido da vizinha Espanha e da Suíça. Os Emirados Árabes surgem já no sexto lugar das escolhas de emigração dos enfermeiros. Fora da Europa, também já surgem países como a China e o Qatar.
Segundo a Ordem, há atualmente 18 mil enfermeiros portugueses no estrangeiro, quando em Portugal faltarão cerca de 30 mil profissionais, segundo as estimativas apresentadas pelos representantes da classe.
No final do ano passado, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que, em 2020 e 2021, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) seria reforçado com mais 8400 profissionais, embora não se saiba ainda quantos destes serão enfermeiros.
ZAP // Lusa