O impacto mais antigo de um asteróide na Terra ocorreu no oeste da Austrália há 2.229 milhões de anos, segundo uma nova investigação.
A investigação, liderada pela Universidade Curtin, na Austrália e cujos resultados foram esta terça-feira publicados na revista científica Nature, confirmou que esta nova datação supera em 200 milhões de anos a idade do impacto calculada até agora.
De acordo com o estudo, a nova datação resulta da análise de vestígios encontrados na cratera de Yarrabubba, com 70 quilómetros de diâmetro e causada pelo impacto de um asteróide no final do período de glaciação global conhecido como “Terra Bola de Neve”.
Os cientistas aplicaram análises isotópicas de minerais para calcular a idade exata da cratera, o que lhes permitiu chegar aos 2.229 milhões de anos, disse o autor principal da investigação, Timmons Erickson, da Escola de Ciências Planetárias e Terrestres de Curtin e do Johnson Space Center.
A equipa de investigadores encontrou amostras de zircónio e monazita “recristalizadas pelo choque” do impacto na base erodida da cratera, sugerindo que isso ocorreu numa paisagem coberta de gelo. O estudo levanta também a possibilidade de este impacto de asteróide ter tido influência no fim do período denominado “Superglaciação”.
“Sabemos agora que a cratera de Yarrabubba fo formada no final da “Terra da Bola de Neve”, um período em que a atmosfera e os oceanos estavam a evoluir e a ficar mais oxigenados e as rochas depositadas em muitos continentes registaram condições glaciais”, afirmou Chris Kirkland, da Universidade Curtin no artigo da Nature que divulga o estudo.
Outro investigador envolvido no estudo, Nicholas Timms, acrescenta que foi observada uma “coincidência temporal precisa” entre o impacto de Yarrabubba e o desaparecimento dos depósitos glaciais.
“A idade do impacto de Yarrabubba coincide com o desaparecimento de uma série de glaciações antigas. Após o impacto, os depósitos glaciais estão ausentes no registo de rochas por 400 milhões de anos. Essa viragem sugere que o grande impacto do meteorito pode ter influenciado o clima global, acrescenta Timms.
ZAP // Lusa