O número de pessoas infetadas com um vírus que matou duas pessoas na China ultrapassa provavelmente o milhar de casos e é muito superior àquele avançado pelas autoridades locais, segundo investigadores britânicos.
Num artigo publicado, esta sexta-feira, por cientistas de um centro de pesquisa do Colégio Imperial de Ciência, Tecnologia e Medicina de Londres aponta-se que o número de pessoas infetadas na cidade chinesa provavelmente deverá ser muito superior.
Investigadores do Centro de Análise Global de Doenças Infecciosas, que aconselha instituições como a OMS, estimam que “um total de 1723 casos” em Wuhan apresentavam sintomas da doença desde 12 de janeiro.
Os cientistas usaram o número de casos detetados até agora fora da China — dois na Tailândia e um no Japão — para estimar o número de pessoas que provavelmente estarão infetadas em Wuhan, com base em dados de voos internacionais que partem do aeroporto daquela cidade.
“Para Wuhan exportar três casos para outros países, deve haver muito mais casos do que o anunciado”, disse o professor Neil Ferguson, um dos autores, à BBC. “Estou muito mais preocupado do que estava há uma semana”, acrescentou.
Este sábado, as autoridades de saúde chinesas identificaram quatro novos casos como sendo de novo tipo de pneumonia viral, com origem na cidade de Wuhan. Estes casos fazem subir para 45 o número de pessoas que contraíram a doença, num balanço que conta com duas mortes e cinco pacientes que permanecem em estado grave.
Em Hong Kong e em Macau, as autoridades intensificaram as medidas de deteção, que inclui o rigoroso controlo de temperatura para viajantes e turistas, com o antigo território administrado por Portugal a realizar estas ações também à entrada dos casinos, numa cidade que recebe em média mais de três milhões de visitantes por mês.
Os Estados Unidos já anunciaram que vão começar a filtrar voos diretos de Wuhan para os aeroportos de São Francisco e Nova Iorque, assim como em Los Angeles, onde são garantidas inúmeras conexões.
Para já, as autoridades internacionais de saúde admitem que possa ter havido um caso de contágio entre pessoas no surto de pneumonia viral na China, mas afirmam que “não há uma indicação clara e sustentada de transmissão” entre humanos.
O Centro Europeu de Controlo de Doenças afirmou também que é “impossível quantificar o potencial de transmissão entre humanos” deste novo vírus detetado na China.
São poucos os casos sem conexão direta com um mercado de marisco em Wuhan, mas as autoridades ainda desconhecem a fonte de infeção ou o modo de transmissão.
Esta semana, em Portugal, a Direção-Geral da Saúde garantiu que o surto de pneumonia viral na China já estaria contido, indicando que uma eventual propagação “não é uma hipótese neste momento a ser equacionada”.
“Não temos que estar alarmados, é preciso é estarmos atentos”, afirmou na quarta-feira a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, aos jornalistas, sublinhando que o coronavírus detetado na China não será transmissível de pessoa a pessoa.
ZAP // Lusa