/

Trump violou lei ao congelar ajuda financeira a Kiev, denuncia Government Accountability Office

Michael Reynolds / EPA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Segundo um documento do Government Accountability Office (GAO), a Administração Trump não tinha autoridade legal para congelar os milhões de dólares em assistência à Ucrânia.

O Government Accountability Office (GAO), órgão responsável por auditar o Governo dos Estados Unidos, deliberou esta quinta-feira que a Administração Trump não tinha autoridade legal para congelar os milhões de dólares em assistência à Ucrânia. Segundo o The Wall Street Journal, que cita o documento, fê-lo por motivos políticos.

As conclusões deste documento acrescentam mais conhecimento à história por trás do processo de impeachment de Donald Trump.

O Expresso cita Josh Lederman, jornalista da NBC News, que explicou no Twitter que este organismo independente não tem uma funcionalidade nem poder persecutórios, uma vez trabalha apenas para o Congresso, o que poderá traduzir-se num argumento a favor das acusações de abuso de poder contra Trump.

O organismo conclui que o Governo norte-americano bloqueou a ajuda financeira à Ucrânia indevidamente e por motivos políticos. “A execução fiel da lei não permite que o Presidente substitua as suas próprias prioridades políticas por outras que o Congresso promulgou como lei.”

Bastou uma chamada de apenas 90 minutos entre os Presidentes dos dois países para Donald Trump ordenar ao Pentágono o congelamento do financiamento militar a Kiev.

Os fundos foram disponibilizados depois, em setembro, após um denunciante ter dado o alerta sobre o telefonema – e foi a queixa do denunciante que levou os democratas a darem início a uma investigação de impeachment.

Ucrânia investiga vigilância a ex-embaixadora dos EUA

As autoridades ucranianas anunciaram, esta quinta-feira, a abertura de uma investigação sobre uma possível vigilância ilegal da ex-embaixadora dos EUA em Kiev, que é testemunha-chave no processo de destituição do Presidente Donald Trump.

Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, foi afastada do seu cargo pelo Presidente em 2019, depois de ter revelado discordar da interferência de Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Donald Trump, na estratégia diplomática norte-americana naquele país.

Yovanovitch foi uma das testemunhas arroladas pelos democratas na Câmara de Representantes no inquérito para a destituição do Presidente, em que Trump é acusado de ter pressionado o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para investigar a atividade da família de Joe Biden, eventual adversário político nas eleições presidenciais de novembro próximo, junto de uma empresa da Ucrânia.

Esta semana, no momento em que o processo de impeachment transitou para o Senado, onde haverá um julgamento político de Trump, a Câmara de Representantes revelou novos dados implicando um colaborador de Giuliani numa estratégia para denegrir publicamente a imagem da ex-embaixadora Yovanovitch, que implicava a sua vigilância.

Esta quinta-feira, o Governo ucraniano anunciou que vai investigar as suspeitas de que Yovanovitch pode ter estado a ser vigiada ilegalmente no final do seu mandato em Kiev. “A polícia nacional iniciou uma investigação judicial por violação do sigilo de correspondência e de conversas telefónicas”, anunciou o Ministério do Interior, dizendo ter fortes suspeitas de ter havido “invasão da vida privada” de Marie Yovanovitch.

O Governo anunciou também uma outra investigação judicial após revelações de ataques cibernéticos russos contra a empresa Burisma, que está no centro do processo de impeachment de Trump, por ter sido a organização energética a que esteve ligado Hunter Biden, filho de Joe Biden, ex-vice-Presidente dos EUA e pré-candidato democrata às eleições presidenciais de 2020.

Nesse sentido, o Governo russo disse ter pedido ajuda ao FBI, o organismo de investigação judicial norte-americano, e a uma empresa informática da Califórnia, especializada em luta contra a pirataria digital, para desenvolver as averiguações.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.