Cerca de uma hora e meia após o telefonema do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em julho, um funcionário da Casa Branca pediu a suspensão da ajuda militar ao país do leste europeu.
Segundo uma troca de emails tornada pública este fim de semana, bastaram cerca de 90 minutos após o telefonema entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para a Casa Branca ordenar ao Pentágono o congelamento do financiamento militar a Kiev.
A organização de jornalismo de investigação Center for Public Integrity divulgou esta informação, que levou Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, e Amy Klobuchar, candidata à nomeação democrata para as eleições do próximo ano, a solicitarem o testemunho de Mike Duffey, responsável do órgão que administra o Orçamento e autor do email divulgado, durante o julgamento de impeachment a Trump no Senado.
No entanto, dada a maioria republicana no Senado, é muito pouco provável que venham a ser ouvidas novas testemunhas nesta fase do processo.
De acordo com o Expresso, autoridades ligadas ao Orçamento informaram outras agências sobre o congelamento da ajuda à Ucrânia a 18 de julho. No entanto, a primeira ação oficial para reter os fundos do Pentágono ocorreu a 25 de julho.
A cronologia dos eventos revela que a chamada entre Trump e Zelenskiy decorreu entre as 9h03 e as 9h33 do dia 25, e que o email de Mike Duffey foi enviado às 11h04. “Dada a natureza sensível do pedido, agradeço se mantiverem esta informação em segredo”, escreveu Duffey num email datado de 25 de julho.
As mensagens vieram à tona depois de a oposição ter aprovado, na última quarta-feira, as acusações de abuso de poder e obstrução ao Congresso contra Donald Trump, que se tornou o terceiro Presidente a enfrentar um processo de impeachment na história dos Estados Unidos.
A ajuda ao país europeu foi libertada em setembro, depois de um denunciante ter dado o alerta sobre o telefonema. A queixa levou os democratas a darem início a uma investigação de impeachment.
A investigação centra-se nas alegações de que Trump pressionou a Ucrânia a anunciar publicamente uma investigação ao ex-vice-Presidente Joe Biden. Zelensky deveria anunciar que estava em curso uma investigação à produtora de gás Burisma, que contratara Hunter, filho de Joe Biden, e só assim Kiev receberia a prometida ajuda militar.
Na semana passada, a Câmara dos Representantes aprovou duas acusações formais de abuso de poder e obstrução do Congresso. Os democratas consideram que o Presidente norte-americano abusou do cargo que ocupa ao pedir a Kiev para investigar Joe Biden.
A acusação de obstrução baseia-se em parte nas diretivas da Casa Branca para que os seus funcionários não cooperassem com o inquérito à destituição presidencial.
Donald Trump nega ter cometido quaisquer irregularidades e classifica o processo de impeachment como “uma farsa”.