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Astrónomos descobrem que o fósforo foi gerado na formação de estrelas

(dr) ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), Rivilla et al.

Região de formação estelar AFGL 5142

Astrónomos descobriram que o fósforo, elemento químico essencial à vida, se constituiu durante a formação de estrelas e sugerem que chegou à Terra através de cometas.

Uma equipa de astrónomos detetou monóxido de fósforo na região de formação estelar AFGL 5142 e no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que viaja entre as órbitas da Terra e de Júpiter e foi estudado pela sonda europeia Rosetta durante dois anos, entre 2014 e 2016.

“O fósforo é essencial à vida tal como a conhecemos. Como muito provavelmente os cometas transportaram enormes quantidades de compostos orgânicos para a Terra, o monóxido de fósforo encontrado no cometa 67P poderá fortalecer a ligação entre cometas e a vida na Terra”, refere uma das coautoras da investigação, Kathrin Altwegg, citada em comunicado pelo Observatório Europeu do Sul (OES), do qual foi usado o radiotelescópio ALMA, no Chile, para observar com precisão a região de formação de estrelas AFGL 5142.

As observações feitas com o ALMA permitiram aos astrónomos concluir que moléculas que contêm fósforo, como o monóxido de fósforo, são geradas quando estrelas de grande massa se formam.

De acordo com o estudo, publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, o monóxido de fósforo é o composto de fósforo mais abundante nas paredes das cavidades que foram abertas por correntes de gás emitidas pelas jovens estrelas nas nuvens interestelares, o berçário de estrelas constituído por gás e poeira.

O monóxido de fósforo forma-se nas paredes das cavidades das nuvens interestelares através da “ação combinada de choques e radiação da estrela bebé”, explica o OES, organização astronómica da qual Portugal faz parte.

Antes de uma estrela estar totalmente formada, “grãos de poeira juntam-se, formando pequenos calhaus, rochas e, eventualmente, cometas”.

“Se as paredes da cavidade colapsam para formar estrelas, em particular nas menos ‘massivas’ como o Sol, o monóxido de fósforo pode congelar e encontrar-se preso nos grãos de poeira gelados que permanecem em torno da nova estrela“, assinala o OES. Um cometa tem na sua composição gelo, poeira e fragmentos rochosos.

Os dados recolhidos pela sonda Rosetta, mais concretamente pelo espetrómetro ROSINA, que analisou a composição da luz emitida pelo cometa 67P, possibilitaram aos astrónomos encontrarem nele a assinatura de monóxido de fósforo.

Os astrónomos acreditam que os cometas podem ter entregue outros componentes químicos da vida, como aminoácidos e até água, também para a Terra.

O fósforo é raro no universo, mas essencial à vida. Este elemento atua como a “cola” que mantém unidas as cadeias de nucleotídos que compõem o ADN e também ajuda a construir paredes celulares e a armazenar a energia das células.

ZAP // Lusa

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