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Na Bolívia, a tão preciosa batata do povo Aimará está a desaparecer

A iguaria mais tradicional do povo Aimará — e a sua principal fonte de alimento — pode estar ameaçada pelas alterações climáticas sentidas nos Andes.

Na Bolívia, o povo Aimará pode perder uma das suas fontes de alimento mais importantes: a batata. Uma das comidas mais populares desta comunidade é conhecida como chuño e é feita exclusivamente com batata. No entanto, as alterações climáticas estão a pôr um fim à fonte de alimento tradicional deste povo.

Para preparar chuño são escolhidas a dedo as batatas mais pequenas, que são posteriormente deixadas no chão durante as noites congelantes dos Andes. Tipicamente, as temperaturas descem abaixo dos 0ºC, o que ajuda a desidratar a batata. Alguns dias depois, são dispostas numa cama de palha e pisadas, tal como se faz com as uvas. Por fim, são deixadas a assar ao sol.

O chuño pode ser usado para fazer sopa, snacks ou até mesmo refeições. Julia Chambi, do povo Aimará, diz que a iguaria fica em bom estado durante três a quatro anos. Ao contrário da batata crua, que deixar de ser comestível relativamente mais rápido.

Porém, de acordo com o OZY, o chuño pode ter os seus dias contados devido às alterações climáticas. O clima tornou-se imprevisível, mas o aimará Humberto Limachi diz que agora pode haver geada, chuva e sol em dias sucessivos, o que torna o seu cultivo muito mais difícil. Para piorar a situação há ainda vermes. “Devido ao clima que temos agora, a terra deve estar cansada”, suspeita Limachi.

Confrontado com esta realidade, Limachi, cuja família depende do cultivo do chuño para sobreviver, admite que podem ter de ir viver para a cidade, como muitos outros fizeram. Apesar de ter o sonho de que os seus filhos vivam onde ele passou a sua infância, as circunstâncias podem arruinar as suas aspirações.

“O chuño significa segurança para o meu povo. Nós podemos morrer de fome”, atirou.

ZAP //

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