Menina de 12 anos morre após ter alta de urgência da CUF

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Tiago Petinga / Lusa

Uma menina de 12 anos morreu no fim de semana anterior ao Natal no Hospital Garcia de Orta depois de ter tido alta da urgência da Clínica CUF Almada, onde já tinha sido socorrida por ter desenvolvido dores fortes e febre após ter dado “um jeito nas costas”.

Segundo os relatos de Alexandra Martinho, a mãe da vítima, em declrações ao jornal Público, a última pediatra que atendeu Leonor terá dito que a criança “não podia estar com tantas dores porque o que tinha tomado era muito forte”, que as queixas não eram mais do que “uma chamada de atenção” e que a menina devia ser consultada por um pedopsiquiatra.

Leonor foi atendida pela primeira vez no hospital foi a 17 de dezembro. No dia anterior, a menina tinha-se queixado de ter dado “um jeito às costas” ao colocar a mochila ao ombro, mas “desdramatizou” porque “tinha sentido apenas uma pontada”. “Ainda foi à aula de dança e ao almoço queixou-se que lhe estava a doer mais. Não tendo aulas à tarde, ficou a descansar”, relata a mãe.

Muita gente me tem perguntado a causa do falecimento da minha menina. Para mim é difícil estar sempre a repetir a mesma…

Publicado por Xana Martinho em Segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Na quarta-feira, “continuava com dores e estava com febre”. Alexandra Martinha levou-a às urgências da CUF do Monte da Caparica, onde a menina foi acudida pela pediatra que a costuma acompanhar. “Observou-a, pediu análises à urina para despiste de infeção urinária e, como estavam com valores normais, medicou-a para um problema muscular que deveria à partida desaparecer em três, no máximo cinco dias”.

Leonor mostrou melhorias nos dois dias seguintes, mas voltou a piorar na noite de sexta-feira para sábado. “Não dormiu nada porque não arranjava uma posição para se deitar que não lhe doesse. A medicação já não lhe atenuava sequer as dores”, recordou Alexandra.

No sábado, Leonor voltou ao hospital, onde lhe foi dada a pulseira laranja — a segunda mais grave. A família foi atendida “por uma pediatra que nem a camisola lhe mandou tirar” e que lhe terá administrado por via intravenosa a medicação que Leonor tinha estado a tomar em casa.

Leonor acabou por adormecer enquanto recebia o tratamento porque “estava exausta”, mas acordou pouco depois “a gritar com dores”. Alexandra relata que um enfermeiro se terá dirigido à menina dizendo-lhe que não podia gritar “porque havia outras pessoas doentes”.

Depois, a pediatra chamou à parte a mãe de Leonor: “Disse que a Leonor não podia estar com tantas dores porque o que tinha tomado era muito forte. Suspeitava que a situação fosse uma chamada de atenção porque ela tinha ido a caminhar normalmente para a enfermaria e só quando me viu atrás dela é que tinha começado a gritar”.

A pediatra terá ainda sugerido à mãe que marcasse uma consulta de pedopsiquiatria para a filha: “Mandou-me marcar uma consulta com um pedopsiquiatra porque ela estava na adolescência”. A médica terá sugerido que Alexandra marcasse uma consulta com um ortopedista ou um pediatra. Por fim, receitou um emplastro para Leonor colocar nas costas.

Na noite de sábado para domingo, “Leonor não parava com dores, nem sequer com medicação, nem no sofá, nem na cama”. “Tinha 34,7ºC, estava a entrar em hipotermia, quando a fui vestir tinha o corpo com manchas roxas“, descreve a mãe.

O INEM levou-a até ao Hospital Garcia de Orta, que descobriu que Leonor “ia hipotensa e com taquicardia”: “O sangue estava normal, não tinha pneumonia, mas a TAC ao tórax acusava o músculo cheio de sangue“, recorda Alexandra. Quando os médicos lhe iam fazer uma TAC ao cérebro, Leonor entrou em paragem cardíaca. Foi reanimada uma vez, mas não resistiu à segunda.

A família aguarda agora o resultado da autópsia, embora os médicos tenham indicado à mãe que “suspeitavam de uma infeção ou de a Leonor estar a perder sangue”.

Ao Público, o Hospital Garcia de Orta confirma que “foi admitida uma criança de 12 anos na urgência pediátrica e posteriormente transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos e que viria a falecer, poucas horas após admissão”. Já a CUF diz lamentar “profundamente” a morte da criança. O hospital abriu um inquérito interno ao caso e retirou a médica das escalas de serviços clínicos.

ZAP //

3 Comments

  1. O que pode ter acontecido neste caso é uma lesão vertebral ( o tal mau jeito da mochila) que tenha atingido o plexo nervoso provocando uma falência do órgão correspondente, no caso o coração, coisa rara e estranha de acontecer mas que é possível. Já tive um caso semelhante não com coração, mas com estômago duma criança que andou anos em gastro sem que lhe descobrissem nada até que com termografia se descobriu essa lesão na D6 e depois de ir ao osteopata ficou com a situação resolvida na hora.

  2. Eu já tive um problema na CUF Descobertas também. Um médico otorrino totalmente sem educação que desenhou meu caso, gastei mais de 1000 euros com exames e consultas e só passavam ecografia e nada mais. Foi ai que encontrei o Dr. Carlos Nabuco (otorrino do Instituto da Face) que atende na CUF Cascais e ele passou uma ressonância magnética e descobriu meu caso, super atencioso. Desde maio faço tratamento com ele e estou ótima. É um absurdo estes médicos que deduzem coisas sem pedirem exames. Infelizmente tal ação custou a vida de uma criança. Precisamos cobrar mais destes profissionais que parecem que não sabem que têm como missão salvar vidas. Meus sentimentos a família.

  3. Eu tmb tenho filha na escola de 11 anos e estou muito preocupada com peso de mala que ela leva nas costas, está muito pesada. E um perigo para Saude de crianças as malas !!

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